Costumeiramente, militantes do movimento homossexual questionam a afirmação de que o padrão bíblico para o casamento é a monogamia e citam que no Antigo Testamento temos a poligamia como modelo de casamento usado por homens como Abraão, Davi e Salomão, e o silêncio cúmplice de Deus sobre suas mulheres e concubinas. Estrategicamente, tais defensores da homossexualidade traçam a seguinte analogia: se Deus alterou no passado o padrão de casamento, da monogamia para a poligamia, por que não pode também em nossos dias alterar o casamento heterossexual para o homoafetivo?
Encontramos no Antigo Testamento diversos exemplos de poligamia. Como não temos nada a esconder, vamos aos fatos e leiamos as narrativas que comprovam os casos mais conhecidos:
"E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá." (Gn 4.19).
"Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã." (Gn 16.1-3).
"E Abraão tomou outra mulher; e o seu nome era Quetura; e deu-lhe à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá. E Jocsã gerou Seba e Dedã; e os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim. E os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda. Estes todos foram filhos de Quetura. Porém Abraão deu tudo o que tinha a Isaque; mas aos filhos das concubinas que Abraão tinha, deu Abraão presentes e, vivendo ele ainda, despediu-os do seu filho Isaque, enviando-os ao oriente, para a terra oriental." (Gn 25.1-6).
"Ora, sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu. E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito." (Gn 26.34-35).
"Foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, a Maalate filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote." (Gn 28.9).
"E disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com ela. Então reuniu Labão a todos os homens daquele lugar, e fez um banquete. E aconteceu, à tarde, que tomou Lia, sua filha, e trouxe-a a Jacó que a possuiu. E Labão deu sua serva Zilpa a Lia, sua filha, por serva. E aconteceu que pela manhã, viu que era Lia; pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por Raquel? Por que então me enganaste? E disse Labão: Não se faz assim no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita. Cumpre a semana desta; então te daremos também a outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia; então lhe deu por mulher Raquel sua filha. E Labão deu sua serva Bila por serva a Raquel, sua filha. E possuiu também a Raquel, e amou também a Raquel mais do que a Lia e serviu com ele ainda outros sete anos. Vendo, pois, o Senhor que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril. E concebeu Lia, e deu à luz um filho, e chamou-o Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha aflição, por isso agora me amará o meu marido. E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, e deu-me também este. E chamou-o Simeão. E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi. E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz." (Gn 29.21-35).
"Houve um homem de Ramataim-Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efrateu. E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o da outra Penina. E Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha." (1Sm 1.1-2).
"E teve Gideão setenta filhos, que procederam dele, porque tinha muitas mulheres." (Jz 8.30).
"Vindo, pois, os criados de Davi a Abigail, no Carmelo, lhe falaram, dizendo: Davi nos tem mandado a ti, para te tomar por sua mulher. Então ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis que a tua serva servirá de criada para lavar os pés dos criados de meu senhor. E Abigail se apressou, e se levantou, e montou num jumento com as suas cinco moças que seguiam as suas pisadas; e ela seguiu os mensageiros de Davi, e foi sua mulher. Também tomou Davi a Ainoã de Jizreel; e ambas foram suas mulheres." (1Sm 25.40-43).
"E a Davi nasceram filhos em Hebrom; e foi o seu primogênito Amnom, de Ainoã a jizreelita; e seu segundo, Quileabe, de Abigail, mulher de Nabal, o carmelita; e o terceiro Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; e o quarto, Adonias, filho de Hagite; e o quinto, Sefatias, filho de Abital; e o sexto, Itreão, de Eglá, também mulher de Davi; estes nasceram a Davi em Hebrom." (2Sm 3.2-5).
"E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas." (2Sm 5.13).
"E Salomão se aparentou com Faraó, rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de Davi, até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalém em redor." (1Rs 3.1).
"E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias, das nações de que o Senhor tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração." (1Rs 11.1-3).
"E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou." (1Rs 16.31)
"E enviou à cidade mensageiros, a Acabe, rei de Israel, que lhe disseram: Assim diz Ben-Hadade: A tua prata e o teu ouro são meus; e tuas mulheres e os melhores de teus filhos são meus. E respondeu o rei de Israel, e disse: Conforme a tua palavra, ó rei meu senhor, eu sou teu, e tudo quanto tenho. E tornaram a vir os mensageiros, e disseram: Assim diz Ben-Hadade: Enviei-te, na verdade, mensageiros que dissessem: Tu me hás de dar a tua prata, e o teu ouro, e as tuas mulheres e os teus filhos." (1Rs 20.2-5).
"Abias, porém, se fortificou, e tomou para si catorze mulheres, e gerou vinte e dois filhos e dezesseis filhas." (2Cr 13.21).
"E amava Roboão mais a Maaca, filha de Absalão, do que a todas as suas outras mulheres e concubinas; porque ele tinha tomado dezoito mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta filhas." (2Cr 11.21).
"Tinha Joás sete anos de idade quando começou a reinar, e quarenta anos reinou em Jerusalém; e era o nome da sua mãe Zíbia, de Berseba. E fez Joás o que era reto aos olhos do Senhor, todos os dias do sacerdote Joiada. E tomou-lhe Joiada duas mulheres, e gerou filhos e filhas." (2Cr 24.1-3).
Estes fatos levantam várias perguntas, sendo a mais importante esta: Deus sancionou e aprovou estes casamentos poligâmicos? Se não, por que não há uma proibição clara da parte dele? O silêncio divino significa que o modelo de casamento pode variar com a cultura (monogâmico, heterossexual, poligâmico, homossexual) e que isto pouco importa para Deus?
Em resposta a estas perguntas, expomos as seguintes dez considerações como resultados do nosso entendimento destes textos e de outros referentes à poligamia no Antigo e Novo Testamento.
Sem dúvida alguma, o padrão divino para o casamento sempre foi a monogamia heterossexual, isto é, um homem e uma mulher: "Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea (...) Por isso, deixe o homem pai e mãe e se una à sua mulher, tornando- se os dois uma só carne" (Gn 2.18-25).
O desvio deste padrão ocorreu somente depois da queda de Adão e Eva (Gn 3), começando com Lameque, o assassino vingativo, filho de Caim (Gn 4). Depois dele, a poligamia foi praticada por diversos motivos. Entre os exemplos de poligamia no Antigo Testamento, encontramos alguns que eram políticos, ou seja, para selar tratados internacionais, como Salomão que se casou com a filha de Faraó (1Rs 3.1) e Acabe que se casou com Jezabel, filha do rei dos sidônios (1Rs 16.31), além das mulheres que já tinham.
Há outras circunstâncias em que o desejo de ter filhos e preservar a descendência parece ter motivado a aquisição de mais uma esposa ou concubina, na situação de esterilidade da primeira esposa, como foi o caso de Sarai ter trazido sua serva egípcia Agar para Abraão (Gn 16.1-4), costume praticado no Antigo Oriente. Provavelmente, foi o mesmo caso de Elcana, casado com Ana (estéril) e depois com Penina (1Sm 1.1-2). Havia também o desejo de ter muitos filhos em caso de guerra (cf. Jz 8.30; 2Sm 3.2-5; 1Cr 7.4, 11.23, etc.). Nenhum destes casos, porém, justifica a poligamia, pois se trata de um desvio do padrão monogâmico.
Apesar do surgimento da poligamia cedo na história de Israel, a monogamia continuou a regra entre os israelitas e a poligamia, a exceção. Abraão mandou seu servo conseguir uma esposa para seu filho Isaque: "E meu senhor me fez jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito; irás, porém, à casa de meu pai, e à minha família, e tomarás mulher para meu filho." (Gn 24.37, 38).
Na genealogia dos descendentes de Judá, de entre dezenas de nomes, apenas um é citado como tendo tido duas mulheres, Asur (1Cr 4.5). No livro de Provérbios encontramos o encorajamento ao casamento monogâmico (Pv. 5.15-20; 12.4; 19.14). A ode feita à mulher virtuosa em Provérbios 31 pressupõe que ela é a única esposa do marido felizardo. Mesmo que Cantares tenha sido escrito por um polígamo, que foi Salomão, transparece claramente dele que o casamento é entre um homem e uma mulher, figura da relação de Deus com seu povo Israel. A poligamia, por razões econômicas, acontecia quase que exclusivamente entre os ricos, como os juízes e reis.
Os profetas tomam o casamento monogâmico para ilustrar a relação entre Deus e seu povo Israel (Jr 2.1-2; Os 3.1-5; Is 54.1-8; Jr 3.20). O profeta Malaquias denuncia a prática, que havia em seus dias, de os judeus se separarem de suas esposas para se casarem com estrangeiras, mostrando assim que a poligamia não era o padrão estabelecido e muito menos o padrão comum e normal em Israel: "Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o altar do Senhor de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o Senhor dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais." (Ml 2.13-16).
A lei de Moisés trazia diversas restrições e cuidados quanto à poligamia em Israel. A mulher israelita que fosse comprada para ser a segunda esposa teria os mesmos direitos que a primeira e seus filhos seriam igualmente herdeiros (Ex 21.7-11). O filho primogênito, ainda que da esposa aborrecida, teria o direito de herança acima do filho da esposa amada (Dt 21.15-17). Um homem casado não poderia se casar com a irmã da sua esposa, o que provocaria a rivalidade entre ambas (Lv 18.18; cf. Gn 30.1).
Vários dos exemplos de famílias poligâmicas registrados no Antigo Testamento são acompanhados dos problemas que o sistema inevitavelmente causava. Os judeus casados com mulheres pagãs eram levados a adorar os deuses delas e assim pecar contra Deus. Havia uma advertência na lei de Moisés aos futuros reis de Israel contra a poligamia neste sentido: "Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie" (Dt 17.17), conselho este que não foi seguido por Salomão, cujas muitas mulheres pagãs o levaram à idolatria em sua velhice (1Rs 11.1-8).
Foi assim que Neemias interpretou o episódio de Salomão e suas muitas mulheres, quando proibiu os judeus depois do cativeiro de multiplicar esposas pagãs: "E contendi com eles, e os amaldiçoei e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. Porventura não pecou nisto Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo ele amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E contudo as mulheres estrangeiras o fizeram pecar. E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras?" (Ne 13.25-27).
Além do risco da apostasia, a poligamia trazia profundos conflitos nas famílias poligâmicas. Havia ciúmes entre as mulheres, que disputavam entre si o amor do marido e competiam em número de filhos (Gn 16.4; 1Sm 1.5-8; Gn 30.1-26). Podemos ainda mencionar a angústia que as mulheres pagãs de Esaú trouxeram a seus pais (Gn 26.34-35). O marido acabava gostando mais de uma que da outra, favorecendo a amada e desprezando sua rival e seus filhos (Gn 29.30; 1Sm 1.5; 2Cr 11.21), o que levou a lei de Moisés, para amenizar esta situação, a estabelecer a lei dos filhos da aborrecida (Dt 21.15-17). Outro problema trazido pela poligamia dos reis de Israel era a briga entre os filhos das diversas mulheres quanto à sucessão, muito bem exemplificada na sucessão de Davi (1Reis 1).
No Novo Testamento, na época de Jesus, a monogamia era claramente o padrão entre os judeus. Quando alguns fariseus vieram experimentar Jesus com uma pergunta capciosa sobre o divórcio, o Senhor respondeu tendo o casamento monogâmico como pressuposto comum e aceito: "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mt 19.3-19).
Nas igrejas cristãs, entre os gentios, o padrão monogâmico estava já estabelecido, embora na sociedade grega a poligamia fosse conhecida e praticada. Escrevendo aos coríntios, Paulo declara: "Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1Co 7.1-2). Aos Efésios, ele compara a relação entre o marido e a esposa à própria relação entre Cristo e sua Igreja: "Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja" (Ef 5.22-33).
Paulo claramente proíbe que os líderes das igrejas gentílicas fossem polígamos ou bígamos. Os bispos/presbíteros tinham de ser "esposos de uma só mulher" (1Tm 3.2; Tt 1.3-5) bem como os diáconos (1Tm 3.12).
Portanto, não há dúvida de que o padrão de Deus sempre foi o casamento monogâmico heterossexual, estabelecido na criação, e que a poligamia do Antigo Testamento foi um desvio deste padrão, em decorrência do pecado que entrou no mundo pela queda de Adão. Em Cristo, Deus restaura o casamento à sua forma original.
Contudo, pode parecer que Deus aprovou ou sancionou a poligamia, considerando que a lei de Moisés trazia regulamentações referentes a ela e que não há uma proibição direta de Deus contra a poligamia. Pode ser que nunca venhamos a entender completamente o silêncio de Deus neste assunto, mas uma coisa é certa: o silêncio não significa que o assunto é indiferente para o Senhor nem significa que "quem cala consente". Os cinco pontos a seguir nos ajudam a esclarecer o proceder divino:
1. As regulamentações da lei de Moisés sobre a poligamia não podem ser vistas como uma aprovação tácita da parte de Deus quanto ao casamento poligâmico, uma vez que este nunca foi o padrão por ele estabelecido. Trata-se da misericórdia de Deus protegendo as esposas e filhos de casamentos poligâmicos, uma amenização de uma distorção do casamento até a chegada do Messias.
2. Deus nos revela sua vontade de maneira gradual e progressiva nas Escrituras. No Antigo Testamento ele se revelou em figuras, tipos, promessas. A sua revelação final e definitiva se encontra no Novo Testamento. Antes de Cristo ele suportou sacrifícios de animais, ordenou leis referentes a comidas, sobre o sistema de escravidão e o levirato, sobre o apedrejamento para quem cometesse determinados pecados, sobre a lei de talião (olho por olho), sobre o divórcio por qualquer motivo banal, etc. A poligamia deve ser vista neste contexto, como uma das coisas que Deus suportou na antiga dispensação e que foi definitivamente abolida em Cristo, à semelhança de várias outras.
3. A encarnação e manifestação de Cristo ao mundo trouxe à luz a verdade outrora oculta, depois revelada pelos apóstolos e profetas, de que Cristo é o cabeça de sua igreja, um povo único, composto de pessoas de todas as raças, tribos e nações, como o homem é o cabeça da mulher. E que a relação de amor-submissão entre marido e mulher é uma expressão da relação amor-submissão entre Cristo e sua igreja. Portanto, a partir do evento de Cristo, Deus não mais tolera nem suporta a poligamia entre seu povo, como suportou pacientemente no período anterior à sua vinda, pois sua vontade quanto a isto é em Cristo e sua igreja plenamente revelada. Em Cristo restaura-se o padrão original estabelecido por Deus no jardim.
4. Deus pode demonstrar a sua vontade sobre um assunto simplesmente registrando os males associados a ele, como é o caso da poligamia. Apostasia, ciúmes, invejas, disputas entre mulheres e filhos acompanham o histórico da poligamia entre os israelitas. A evidência cumulativa depõe contra a poligamia, mesmo que Deus não tenha se pronunciado expressamente contra ela.
5. A revelação divina se encerrou com o cânon do Novo Testamento, onde o casamento monogâmico é claramente estabelecido como a vontade final de Deus para seu povo e a humanidade em geral. Portanto, não podemos aceitar que Deus, em nossos dias, esteja mudando o conceito de casamento para incluir o casamento homossexual, uma vez que a homossexualidade é claramente condenada em toda a Escritura canônica e a mesma se encontra definitivamente encerrada. Sola Scriptura!
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