Apologética



Espiritismo – Parte 18 – Ensinamentos espírita sobre Deus.


A doutrina espírita sobre Deus é ambígua, ora assumindo aspectos deístas, ora aspectos panteístas, ora confundindo-se com o Cristianismo histórico. No “Livro dos Espíritos”, Allan Kardec responde à pergunta sobre o que é Deus com a seguinte assertiva: Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas (“O Livro dos Espíritos – Obras Completas.” Editora Opus, p. 50, 2ª edição especial, 1985). A fim de explicar a existência de Deus, ele se vale da argumentação clássica do deísmo, de que não há efeito sem causa. Apela também para o sentimento intuitivo que todos os homens carregam em si mesmos da existência de Deus (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas”. Editora Opus, p. 51, 2ª edição especial, 1985).

De acordo com a concepção deísta, Deus teria criado o universo e depois se retirado dele, deixando-o entregue à ação das leis físicas que, desde então, o governam, como se o universo fosse um grande relógio. Deus seria, portanto, a causa primária do universo, porém não está imanente nele; qualquer contato com a divindade é impossível.

Por outro lado, o próprio Kardec afirma que: Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 52, 2ª edição especial, 1985). Este conceito que Kardec declara acerca de Deus concorda com o que o Cristianismo reconhece como alguns atributos de Deus. Porém, o fato de uma determinada religião ou seita ter pontos em comum com o Cristianismo bíblico não é suficiente para que lhe seja conferido o título de cristã.

Kardec, algumas vezes, declara-se contra o panteísmo dizendo que: a inteligência de Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que concebeu e executou (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 53, 2ª edição especial, 1985).

Todavia, em outros lugares, Kardec faz declarações panteístas, por exemplo, que estão mergulhados no fluído divino (“A Gênese. Obras Completas.” Editora Opus, p. 902, 2ª edição especial, 1985). Para ele a matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital retorna à massa de onde saíra (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 63, 2ª edição especial, 1985).

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