Apologética



Igreja Local de Witness Lee – Parte 14 – A trindade


Assim Crê a Igreja Local:

Procuram os obreiros da Igreja Local fazer entender aos evangélicos que crêem na doutrina bíblica da Trindade como nós cremos. Entretanto, declaram que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos a mesma pessoa, bem como o mesmo Deus e também que cada um deles é um passo ou estágio sucessivo na revelação de Deus aos homens. Veja a seguir o que eles dizem a este respeito: Alguns vêem problema na palavra ‘processado’ e argumentam que é impossível que Deus seja processado porque Ele é eterno e imutável. Embora Deus seja eterno e imutável, contudo Ele passou por um processo (“Como Receber o Deus Triúno Processado”, Witness Lee. Editora Fonte da Vida, p. 7). Assim as três Pessoas da Trindade tornam-Se os três passos sucessivos no processo da economia de Deus. Sem esses três estágios, a essência de Deus nunca poderia ser dispensada para dentro do homem (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Árvore da vida. la. Edição – 1989, pp. 12-13).

Lee declara: João 1.1 nos diz que a Palavra era Deus, e João 1.14 que essa Palavra tornou-Se carne. Deus tornou-se carne, isto é, um homem, e, esse Homem é a corporficação de Deus. Ele já não é mais misterioso; agora está corporificado porque Se tornou um homem. Temos de perguntar se esse homem-Deus é o Filho ou o Pai. Temos de dizer que Ele é o Filho com o Pai. Deus tornou-Se carne e esse Deus é o Filho com o Pai. Quando Deus Filho tornou-Se carne, Ele tornou-Se carne com Deus Pai. Deus Filho, com Deus Pai, tornaram-se carne. Provavelmente nos disseram no passado que quando o Filho veio nascer como um homem, Ele deixou o Pai no trono no céu, mas a Bíblia nos diz que quando o Filho veio, Ele veio com o Pai (“A Economia Divina”, Witness Lee. Editora Fonte da Vida, p. 41).João 6.46, 7.29 e 16.27 dizem-nos que quando o Filho veio do Pai, Ele veio com o Pai. Quando o Filho veio, não veio sozinho, não deixou o Pai nos céus. No dia em que Jesus estava na casa de Simão, o leproso, e Maria derramou o óleo precioso sobre Ele (Mt 26.6-7), Ele era o Filho com o Pai. Se fosse simplesmente o Filho e tivesse deixado o Pai nos céus quando veio, não seria a corporficação do Pai. Mas o Filho estava lá com o Pai como a corporificação do Pai, como a corporificação de Deus. Ele é o Filho, Ele é o Pai e Ele é Deus (“A Economia Divina”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida. 1a. Edição – 1989, p. 41)

Resposta Apologética:

Num primeiro momento podemos classificar o ensino da Igreja Local sobre a natureza de Deus de modalístico estatístico. Lee ensina que o Pai, Filho e o Espírito Santo são simultaneamente um o outro e ao mesmo tempo o Pai é o Filho e o Espírito Santo. Esse ensino também é historicamente conhecido como patripassianismo – O Pai padeceu na cruz como o Filho.

A Bíblia declara o que o Pai disse do Filho: E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo (Lc 3.22). Como fica se o Pai e o Filho são a mesma pessoa? Jesus e o Pai são um só Deus, não uma só pessoa. O Pai não veio com o Filho (Mt 5.16, 48; 6.9; 10.32-33). Jesus declara ser uma pessoa distinta do Pai, embora esteja em unidade com Ele: E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou (Jo 8.16-18).

Ilustrando a sua forma de crer na Trindade, assim escreve Witness Lee: O Pai está ilustrado pela melancia inteira; o Filho, pelas fatias e, finalmente, o Espírito, pelo suco. Agora você vê este ponto: o Pai não é apenas o Pai, mas é também o Filho. E o Filho não é apenas o Filho, mas é também o Espírito (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida. Edição de 1989, p. 53).

Outra ilustração usada pelo mesmo escritor: Alguns homens são de pouco propósito; por isso, sua aparência é sempre a mesma. Contudo, um homem cheio de propósito terá várias aparências. Se você pudesse visitá-lo em sua casa logo pela manhã, veria que ele é um pai ou um marido. Depois do café da manhã, talvez vá a uma universidade para ser um professor. A tarde, no hospital, é possível que o veja com um uniforme branco de médico. Em casa é um pai, na universidade é um professor, e no hospital é um médico. Por que ele é esses três tipos de pessoas? Porque ele é um homem que tem grandes propósitos. O pai em casa, o professor na universidade e o médico no hospital são três pessoas com um só nome (“A expressão Prática da Igreja”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida. 1ª. Edição -1989, p. 8). Esse exemplo da Igreja Local é classificado como modalismo. O pai, o professor e o médico não são três pessoas distintas, senão uma só pessoa, com três modos de agir: como pai, como professor e como médico. Uma pessoa exercendo três modos de se revelar, o próprio Witness Lee declara isso: Porque ele é um homem que tem grandes propósitos.

Embora a Igreja Local se esforce em declarar que não é modalista e que crê na doutrina bíblica da Trindade, sua crença não é compatível com a doutrina ortodoxa da Santíssima Trindade. O Credo Atanasiano declara: E a fé católica [universal] é esta: que adoremos um Deus em Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade.

Contrariando a doutrina ortodoxa, Witness Lee declara: Alguns teólogos tradicionais nos dizem que as três pessoas na Trindade divina: o Pai, o Filho e o Espírito, não devem ser confundidas e devem ser mantidas claramente separadas o tempo todo. Mas a Bíblia ensina que Jesus, o Filho de Deus, tornou-se o Espírito (“A Economia Divina”, Witness Lee. Editora Fonte da Vida. Edição de 1987, p. 71). Para justificar sua teoria declara: O Credo de Nicéia, que foi formulado em 325 a. D., não é completo porque nada diz acerca dos sete Espíritos. Esse credo fala da deidade do Deus Triúno, a Trindade divina, de uma maneira geral, mas nada aborda de Apocalipse. Quando o Credo de Nicéia foi feito em 325 a. D., ainda havia desacordo sobre Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipse. Não foi antes de 397 a.D., no concílio que houve em Cartago, no norte da África, que Apocalipse, com os outros seis livros, foi reconhecido como parte do Novo Testamento. O Credo de Nicéia não é completo porque não aborda o livro de Apocalipse, o qual é a consumação final e máxima da revelação divina (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Fonte da Vida. 1a Edição -1987, p. 120).

Mostrando que crê diferentemente do que cremos, ainda declara: Assim, as três Pessoas da Trindade tornam-Se os três passos sucessivos no processo da economia de Deus. Sem esses três estágios, a essência de Deus nunca poderia ser dispensada para dentro do homem (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida. 1ª. Edição -1989, pp. 12-13). Essa definição de Witness Lee acerca de Deus é a chamada teoria do Deus Processado, e nunca o Deus Trino, conforme revelam as Sagradas Escrituras: Na natureza do único e, eterno Deus, há três pessoas eternamente distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Todas as três pessoas são o mesmo Deus, embora o Pai não seja nem o Filho nem o Espírito; o Filho não seja nem o Pai nem o Espírito; e o Espírito não seja o Pai nem o Filho. A distinção entre as três Pessoas da Trindade é observada na Bíblia, como passamos a expor:

14.1 – PAI E FILHO SÃO DUAS PESSOAS DISTINTAS

a) Como Duas Testemunhas:

Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro (Jo 5.31-32). E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou (Jo 8.16-18).

b) O Que Envia e o Enviado:

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3.17);

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.4).

c) Nas Saudações:

Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.3);

Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos) (Gl 1.1);

Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor (2 Jo 3).

d) Outras Provas Bíblicas de Que Jesus Não É o Pai:

Em todo o tempo em que Jesus esteve na terra, o Pai esteve no céu: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16). Sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus (Mt 5.48);

Jesus disse que confessaria os homens que O confessassem diante do Pai: Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus (Mt 10.32-33).

O Senhor Jesus Cristo está hoje à destra do Pai: E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele. Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e, Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus (At 7.54-56);

Deus Pai é Pai de Jesus e não Jesus é Pai de si mesmo: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef 1.3). Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor (2 Jo 3);

Jesus entregou o seu espírito a seu Pai e não a si próprio: E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou (Lc 23.46);

Jesus conhecia o Pai, mas não era o Pai: Assim como o Pai conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas (Jo 10.15);

Jesus cita a lei sobre o testemunho de dois homens e faz analogia entre Ele e o Pai, como duas testemunhas: E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou (Jo 8.17-18) etc.

14.2 – O PAI NÃO É O ESPÍRITO SANTO

a) O Pai Envia o Espírito Santo

Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre (Jo 14.16);

Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de Verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim (Jo 15.26).

b) O Espírito Santo Intercede Junto ao Pai

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos (Rm 8.26-27).

14.3 – JESUS NÃO É O ESPÍRITO SANTO

a) O Espírito Santo É Outro Consolador

Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre (Jo 14.16);

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo (1 Jo 2.1).

b)O Espírito Santo Glorifica a Jesus

Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar (Jo 16.14).

c) O Espírito Santo Desceu Sobre Jesus no Momento do Batismo

E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele (Mt 3.16).

d) Outras Provas Bíblicas de Que o Espírito Santo Não É Jesus O Espírito Santo é um outro Consolador, procedente do Pai e do Filho: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre (Jo 14.16). Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim (Jo 15.26);

O Filho pode ser blasfemado e o pecador culpado disso encontra perdão. Mas, se o Espírito Santo for blasfemado, essa pessoa não encontra perdão. Isto prova haver duas Pessoas: Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e basfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro (Mt 12.31-32);

O Espírito Santo não veio falar de si mesmo ou glorificar a si mesmo, mas sim para glorificar a Jesus: Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e os anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar(Jo 16.13-14)

A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi a prova de que Jesus havia chegado ao céu, onde assentou-se à destra de Deus Pai: E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado (Jo 7.39). De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis (At 2.33);

Jesus afirmou, mesmo depois da ressurreição, que Ele não era espírito. Portanto, Ele não podia ser nem o Pai (Jo 4.24) nem o Espírito Santo (Jo 14.16-17,26; 15.26; 16.7,15), pois esses são seres espirituais: Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho (Lc 24.39).

14.4 – ALGUNS VERSÍCULOS UTILIZADOS PARA JUSTIFICAR SUA TEORIAS:

Eu e o Pai somos um (Jo 10.30). Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (Jo 14.9). E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co 3.17).

ANALISANDO OS VERSÍCULOS CITADOS

Eu e o Pai somos um (Jo 10.30). Nesse versículo, vemos a pluralidade na unidade, basta observar a expressão somos – pluralidade, um – unidade. Jesus não está dizendo que é a mesma pessoa do Pai, mas que Ele e o Pai são duas pessoas distintas, em unidade divina. Portanto João 10.30 deve ser entendido como uma declaração de Jesus da sua unicidade de natureza essencial com Deus, isto é, que Ele é essencialmente igual a Deus.

Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (Jo 14.9). Encontramos aqui uma reiteração da mesma substância da declaração do versículo 7 deste capítulo: Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Ver o Pai não consiste em meramente contemplar a sua presença corporal, mas em conhecê-lo. Fica subentendido que não ver o Pai, na pessoa de Jesus, é o mesmo que não conhecê-lo. O Filho é o único expositor do Pai aos homens (Mt 11.27; Jo 12.44-45; Cl 1.15; Hb 1.3; 1 Tm 6.16).

E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). O Senhor Jesus faz aqui uma doação preliminar do Espírito Santo, que era o símbolo da promessa e a garantia de que seria concretizada a vinda do Espírito Santo, quando o Senhor Jesus fosse glorificado (Jo 7.39). Essa vinda em seu total poder não poderia anteceder de forma alguma a ascensão de Jesus e a sua glorificação (Jo 16.7). Porém, o Senhor Jesus quis mostrar que essa pessoa divina viria (Jo 14.16-26), por isso concedeu aos seus discípulos algo simbólico do poder que haveriam de receber mais tarde em plena medida (Atos 2).

Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co 3.17). Neste versículo, a expressão Senhor se refere a Cristo, identificando o Espírito Santo com a mesma natureza e divindade de Jesus, e não que Ele seja a mesma pessoa. Basta observar que no versículo seguinte, o apóstolo separa as pessoas: Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18).

Devido a sua peculiar teoria a respeito da Trindade, a Igreja Local foi classificada num primeiro momento de grupo modalista. O livrete “O Que Cremos e Praticamos nas Igrejas Locais”, página 15, pergunta número 8, diz: Vocês têm uma visão “ modalista” da Trindade? E a Igreja Local responde: Certamente que não! O modalismo é herético. Ao invés de ensinar que os Três da Deidade: o Pai, o Filho, e o Espírito, coexistem eternamente, o modalismo afirma que Eles são mera manifestação temporária da essência divina. Cremos, de acordo com a Bíblia, que Deus é essencialmente três em um e um em três. Certamente reconhecemos distinções eternas dentro da Deidade. Entretanto, a nossa ênfase com respeito à Trindade não está baseada na análise doutrinária da natureza de Deus, mas no dispensar do Deus Triúno para dentro de nós como nossa vida e nosso tudo. A nossa ortodoxia com respeito à Doutrina de Deus deve ser estabelecida em se o nosso ensinamento está ou não de acordo com a pura Palavra de Deus. Quando a nossa crença acerca do Deus Triúno é fielmente considerada à luz da Escritura, ver-se-á que não cremos no modalismo, nem no triteísmo, mas na revelação do Deus Triúno segundo a pura Palavra de Deus. De acordo com essa declaração da Igreja Local, podemos considerar que a Igreja Local:

1) Não crê na doutrina bíblica e ortodoxa da Trindade, conforme as igrejas cristãs;

2) Utiliza o termo Trindade e Triúno com definição e significado diferente da ortodoxia cristã;

3) Sua definição da unidade divina é: ...o Pai é o Espírito, o Filho também é o Espírito, e o Espírito, é claro, é o Espírito. O Pai está no Filho, o Filho está no Espírito e o Espírito está em nós como a própria transmissão de Deus... (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida. 1ª. Edição – 1989, p. 19). Com essa declaração, fica claro que a Igreja Local confunde as pessoas na unidade divina, revelando sua crença modalista, embora negue. Basta analisar o exemplo da melancia dado por Witness Lee: O Pai está ilustrado pela melancia inteira; o Filho, pelas fatias e, finalmente, o Espírito, pelo suco. Agora você vê este ponto: o Pai não é apenas o Pai, mas é também o Filho. E o Filho não é apenas o Filho, mas é também o Espírito.

4) Por outro lado, declara crer nas três pessoas distintas da Trindade: Cremos, de acordo com a Bíblia, que Deus é essencialmente três em um e um em três. Certamente reconhecemos distinções eternas dentro da deidade;

5) Se de um lado ela declara crer nas três pessoas distintas, de outro nega as três pessoas. Esse entendimento contraditório inevitavelmente leva à teoria do Deus Processado: Assim, as três Pessoas da Trindade tornam-Se os três passos sucessivos no processo da economia de Deus. Sem esses três estágios, a essência de Deus nunca poderia ser dispensada para dentro do homem (“A Economia de Deus”, Witness Lee. Editora Árvore da Vida.1ª. Edição -1989, pp.12-13). A teoria do Deus Processado ou Deus Triúno que tenta harmonizar o modalismo com o trinitarismo pode ser notada na declaração de Witness Lee: Os três são distintos, mas não separados. Quando o Filho veio, o Pai veio com Ele. Quando o Espírito veio, o Filho e o Pai vieram (Jo 14.17-23). Não cremos no modalismo, uma heresia que diz que quando o Filho veio, o Pai deixou de existir, e então quando o Espírito veio, o Filho deixou de existir. Cremos que Deus é três-um, o Pai, o Filho e o Espírito como um Deus coexistindo e coinerindo de eternidade e eternidade (“A Revelação Básica nas Escrituras Sagradas”, Witness Lee. 1ª. Edição – 1991. Editora Árvore da Vida, p. 24);

6) Essa teoria do Deus Processado não é a definição da doutrina da Trindade nem está de acordo com a pureza das Sagradas Escrituras. Distinção muito clara é feita entre as três Pessoas da Trindade: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém (2 Co 13.14). E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em que me comprazo (Mt 3.16-17). Assim: adoremos um Deus em Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna à majestade.

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