Defesa da Fé

Edição 34

Tratamentos alternativos e alternativas perigosas


Por Márcio Souza

"As emoções negativas são a causa primária de muitas doenças. Se intensas, podem distorcer a manifestação dos ideais de força, sabedoria e beleza, preexistentes na natureza humana".

É com esse enunciado que começa determinado artigo incentivando o uso dos Florais de Bach, considerado um regulador das vibrações que nos equilibram com a natureza. Muitos cristãos têm indagado se devemos ou não substituir ou adicionar os tratamentos alternativos aos cuidados alopáticos (Alopatia: Sistema terapêutico que consiste em tratar as doenças por meios contrários a elas, procurando conhecer suas causas e combatê-las).

Primeiramente, devemos distinguir os tratamentos alternativos das alternativas espiritualmente perigosas, muito em moda hoje em dia. A maioria dessas alternativas, bastante veiculadas pela mídia, está altamente comprometida com a holística.

Ao falarmos em qualquer tipo de tratamento, não podemos nos esquecer de que, seja qual for ele, a automedicação não é aconselhada. É muito comum encontrarmos por aí consultores sem nenhuma formação ou habilitação profissional atuando como conselheiros ou terapeutas. O que pode ser benéfico para uma pessoa poderá ser inócua ou até mesmo nociva para outra. Portanto, o cristão que deseja tratar-se através do naturalismo deve primeiro verificar a fidelidade do proposto pelo medicamento. Também se faz necessário conhecer as credenciais dos consultores naturalistas.


Tratamentos alternativos reconhecidos


Alguns tratamentos são plenamente reconhecidos pelos órgãos governamentais de saúde. Outros, portanto, ainda estão sendo pesquisados. A AMHB (Associação Médica Homeopática Brasileira) lançou um informativo sobre a aceitação e o uso do público brasileiro dos tratamentos alternativos. O mesmo documento alerta quanto à carência de profissionais formados nessa área. Alguns dos tratamentos alternativos reconhecidos são: a homeopatia, a fitoterapia, a naturopatia, a quiropatia e a acupuntura. Contudo, verificamos que existe a tendência para a administração holística de tais tratamentos. É neste ponto que esbarramos com conceitos que nós, os cristãos, não aceitamos.

As terapias alternativas apresentaram um grande crescimento a partir da década de 70. Desde então têm-se popularizado. O primeiro gráfico demonstra o resultado de uma pesquisa feita entre mil entrevistados. A porcentagem daqueles que conhecem e usam medicações alternativas tem aumentado cerca de 2% a 3% ao ano.

Na pesquisa feita entre os usuários das terapêuticas alternativas encontra-se um demonstrativo sobre os ramos terapêuticos mais utilizados (veja gráfico acima). Cerca de mil pessoas foram questionadas a respeito da forma alternativa de sua opção. Resultado: 56,2% usam a homeopatia; 26,2% a fitoterapia e 17,6% a acupuntura. Novas formas de tratamentos estão sendo descobertas. A disputa entre o sistema alopático e o homeopático demonstra que o naturalismo vem ganhando espaço.

Qual a eficiência de tais tratamentos? Um grupo de usuários de diversos ramos da terapêutica alternativa apresentou suas conclusões. Cerca de 92% informaram que estavam otimistas, ou pelo menos satisfeitos, com a eficácia dos tratamentos alternativos. Um dos motivos mais apreciados pelos usuários é a quase inexistente agressividade desses tratamentos. Apenas 1,4% registrou que eles não foram eficazes e outro grupo de 1,4% informou que o tratamento foi negativo.

O uso de plantas medicinais conta, ainda que com restrições, com o apoio científico. Como tais plantas são selecionadas e que critério é usado? Inicialmente, a sabedoria popular é a responsável pela sugestão de uso de diversas plantas e pela maneira como devem ser utilizadas. Às vezes, a mesma planta é citada para algumas doenças ou para todas. Excluindo os excessos, podemos encontrar muitas utilizações realmente eficazes. Em 1982, a CEME (antiga Central de Medicamentos) implantou um programa para pesquisar as plantas de uso popular em solo brasileiro. Objetivo? Estudar possíveis substâncias ativas que servissem para preparados fitoterápicos científicos. Novamente, a sabedoria popular, o receituário do povo, foi o cabedal para selecionar as plantas e ervas candidatas.

O primeiro passo da pesquisa foi nominar corretamente as plantas com seu nome latino, para que não ocorresse o costumeiro erro de se dar o mesmo nome a plantas diferentes, ou nomes diferentes a plantas iguais, dependendo da região e do nome popular a elas atribuídos. O segundo passo foi verificar se tais plantas atuariam realmente nos males que o receituário popular apregoava. Os resultados positivos foram surpreendentes. Hoje, diversas indústrias farmacêuticas têm oferecido produtos exclusivamente bulados nestas ervas.


Alternativas perigosas


O cristão deve tomar sua decisão pessoal quanto aos ramos mencionados acima. Contudo, quando algo mais está envolvido, o que deve ser feito? Existem muitos remédios aparentes, representativos. Conseqüentemente, não são reconhecidos pelos órgãos competentes de saúde. Observe o parecer técnico do Ministério da Saúde (Vigilância Sanitária) sobre as essências florais:


Parecer técnico do Ministério da Saúde (Vigilância Sanitária) sobre as essências florais

Respondendo ofício nº 01/98, referente a essências vibracionais, informo que as essências florais, tais como apresentadas pelos Sindicatos e Associações Produtoras, não constituem matéria submetida ao regime de vigilância sanitária, a teor da Lei nº 6360, de 23.09.76 e seus regulamentos, não se tratando de medicamentos, drogas ou insumos farmacêuticos. Tal fato não exime, no entanto, a responsabilidade das empresas pela produção e comercialização dessas substâncias dentro dos padrões de qualidade adequados ao consumo da população. Neste sentido, na comercialização e venda dessas substâncias não podem ser apresentadas indicações terapêuticas com finalidades preventivas ou curativas, induzindo o consumidor ao erro ou à confusão (Brasília, 23 de outubro de 1998. Ofício SVS/GABIN/ Nº 479/98).

O Ministério da Saúde não reconheceu as essências vibracionais como medicamentos, drogas ou insumos farmacêuticos. E alertou que às suas apresentações (ou seja, seus rótulos e propagandas) não fossem atribuídas indicações terapêuticas com finalidades preventivas ou curativas.

Se tais essências não ocupam espaço farmacêutico ou homeopático, como elas devem ser consideradas pelos cristãos? Devemos, então, antes de mais nada, verificar a origem da eficácia atribuída aos florais.

Muitas alternativas estão sendo acopladas aos tratamentos alternativos. Qual é a bula dessas alternativas? Em muitos segmentos encontramos a visão holística. Devemos nos lembrar, portanto, que a visão holística pode ser encontrada nos tratamentos legítimos. Nestes casos, é bom excluir o elemento holístico. Isso não afetará o tratamento. Por outro lado, se o tratamento tiver apenas representação das perspectivas holísticas, ele deve ser totalmente rejeitado.

A composição desses florais não representa riscos aos usuários, geralmente é feita de água mineral, conhaque de uvas, arbustos ou árvores silvestres. Administrados em doses pequenas, cerca de quatro gotas, não fazem mal, mas também não são eficazes, conforme parecer do Ministério da Saúde: não podem ser apresentadas indicações terapêuticas com finalidades preventivas ou curativas, induzindo o consumidor ao erro ou à confusão. Se as composições desses florais são ineficazes, por que devemos considerá-los?


Tratamentos holísticos


Entramos, agora, em uma nova modalidade: os tratamentos holísticos. A visão desse tratamento é alcançar o homem como um todo: espírito, alma e corpo. É a sua espiritualização. A medicina moderna tem dado um salto de fé no escuro em direção ao misticismo. De fato, a nova preocupação da medicina com o espírito do homem surgiu através da surpreendente transformação da sociedade ocidental. Essa mudança ocorreu quando os ocidentais decidiram aceitar o misticismo oriental.

Muitas pessoas, por usarem palavras como Deus, Cristo, espírito e alma são consideradas simpáticas ao cristianismo. Todavia, não devemos nos confundir. Obviamente que alma, espírito, Deus e Cristo não são termos científicos ou medicinais, mas, sim, religiosos. Aqueles que lançam mão de tais palavras certamente têm o seu próprio conceito a respeito do significado delas, e isso refletirá no seu modo de vida.

Ficaremos estarrecidos se voltarmos nossa atenção para os conceitos defendidos pelos profissionais holísticos. Por exemplo, o psicólogo Jack Gibb foi bem claro ao dizer: A pressuposição absoluta que muitos de nós estamos adotando no Movimento de Saúde Holística é que todas as coisas necessárias à criação da minha vida se acham em mim... Eu creio que sou Deus, e creio que você também é... 1

O conceito holístico poderia ser expresso assim: a visão de que o todo não se explica fora de suas partes e estas não podem ser compreendidas fora do todo. A visão holística tem integrado áreas do conhecimento de forma abrangente, ultrapassando as fronteiras religiosas. Absorvem conceitos de todas as religiões e cultos, buscando a verdade em sua essência. O homem deve ser tratado como um todo, nele mesmo e através da natureza. Logo, o bem-estar espiritual do homem depende de seu equilíbrio com a natureza.

A cor, a forma e o aroma das flores veiculam o espírito da natureza. Esse dom, alegam, pode ser adquirido pela absorção de algumas gotas do florais. São dezenas de essências florais. E cada uma delas é aplicada conforme suas atribuições. Ao escolher aquela que corresponde à sua necessidade espiritual, o usuário alcançará o reequilíbrio emocional. Tais conceitos afirmam que estamos em um universo onde as forças impessoais estão em constante luta. Trata-se do bem e do mal, da luz e das trevas. Longe de qualquer vitória entre essas forças, os adeptos do conceito holístico afirmam que precisamos equilibrá-las, pois elas são essenciais ao universo.

Tais conceitos estão longe do que a Palavra de Deus ensina. Os tratamentos representativos estão impregnados pela filosofia ocultista. Conseqüentemente, esses conceitos afetam a comunhão com Deus. Em virtude desses tratamentos, o ocultismo está se popularizando cada vez mais. Como servos de Cristo, devemos discernir entre o natural e o místico. E, para isso, não podemos nos deixar enganar pelas aparências.

Talvez alguém seja realmente curada ao fazer uso de algumas raízes ou folhas. Erram, portanto, quando adicionam misticismo ao elemento natural. Como cristãos, o que devemos fazer a respeito? Excluir o místico e usufruir apenas do natural. Um exemplo do que estamos falando é o uso da folha de arruda atrás da orelha, simpatia atribuída ao natural, o que significa adesão ao misticismo idólatra. O servo de Deus deve rejeitar isso.


1 The Journal of Holistic Health, 1977, Jack Gibb, Psycho-Sociological Aspects of Holistic Health. p. 44.


Um exemplo de tratamento representativo da visão holística são os florais de Bach. O próprio dr. Bach disse: A ação destes remédios consiste em elevar nossas vibrações e abrir nossos canais para a recepção do 'eu espiritual', inundar nossa natureza com a virtude particular de que precisamos e em expurgar de nós o erro que causa o mal (...). Eles curam, não combatendo a doença, mas inundando nosso corpo com as sublimes vibrações de nossa Natureza Superior, em cuja presença a enfermidade se dissolve como a neve à luz do sol. Não existe cura autêntica, a menos que exista uma mudança de perspectiva, uma serenidade mental e uma felicidade interna. Informações que vêm na bula de alguns florais de Bach.

O dr. Edward Bach nasceu em 24 de setembro de 1886, em Mesely, um vilarejo próximo de Birmingham, Inglaterra. Aos 17 anos alistou-se no corpo de Cavalaria de Worcestershire, onde começou a interessar-se por tratamentos alternativos.

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