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Por que Jesus amaldiçoou a figueira por não produzir figos se o texto de Marcos 11.13 deixa claro que não era o tempo propício para isso?


"E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos"

Pelos relatos bíblicos, notamos que Jesus entrou no templo num dia de domingo, à tarde, e observou tudo ao seu redor. Logo depois, foi para Betânia, onde passou a noite, possivelmente na casa de Lázaro, irmão de Marta e Maria. No dia seguinte, no caminho, Jesus teve fome e foi procurar fruto em uma figueira que encontrou à beira da estrada. Não encontrando fruto, o Senhor amaldiçoou a figueira, que, Imediatamente, ficou seca. Alguns ficam consternados com essa narrativa, pois vêem nesse episódio uma atitude subjetiva e inexorável de Jesus. Afinal, por que Ele teve essa atitude? Estaria Ele irado? Estaria Ele exibindo seu poder?

O historiador Marcos (11.13) faz algumas observações interessantes. Acompanhe o relato.

Passando pela estrada, Jesus observou "de longe uma figueira que tinha folhas", e, ao presenciar as folhas, "foi ver se nela acharia alguma coisa". Esse detalhe é importantíssimo, visto que, "quando ocorre a primeira maturação, as folhas ainda não estão completamente formadas (Ct 2.13)". Mas ocorreu que "chegando a ela, não achou senão folhas". Como havia folhas se ainda não havia acontecido a maturação? O fruto deveria preceder as folhas! Notemos que se trata de uma exceção. Não avistando frutos, Jesus lança uma sentença contra a figueira: "nunca mais alguém coma fruto de ti". Mateus 21.19 encerra dizendo que "a figueira secou imediatamente".

Apesar de ter uma abundância de folhas, "aquela figueira, entretanto, fora um ludíbrio". Em outras palavras, aquela figueira evidenciava ser o que não era. Mostrava ser uma coisa quando, na realidade, era outra.

Podemos extrair duas lições desse episódio. Primeira, pertencemos a Cristo para darmos frutos para Deus (Rm 7.4). Segunda, a inexistência de frutos espirituais no crente comprova que não pode permanecer no meio do povo de Deus, portanto, é desarraigado de Cristo (Jo15.2).

Já Gleason Archer observa que "pode muito bem ter acontecido que Jesus viu naquela figueira estéril que ele encontrara pelo caminho de Jerusalém, naquela segunda-feira de manhã, da semana santa, um lembrete vívido da falta de frutos em Israel, como nação de Deus. Por essa razão, usou aquela árvore como ilustração dramática de sua lição aos discípulos".


Por Gilson Barbosa

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