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Porque meu Pai é maior do que eu (João 14.28)


Testemunhas de Jeová. É o texto favorito dessa seita e de outros grupos religiosos que procuram argumentar contra a deidade absoluta de Jesus.

Resposta apologética: Jesus estava falando como homem (Fp 2.6). A humanidade de Cristo, ou seja, sua subordinação ao Pai, dirigida pelo Espírito Santo, foi uma condição para o seu messianismo, mas isso não é contra a sua deidade. Jesus se tornou homem e, como homem, submeteu-se ao Pai durante todo o tempo de sua vida terrena. Abdicara de sua condição de viver como Deus e passara a viver como homem. Como Deus, Jesus era igual ao Pai (14.9-11); como homem, era menor que o Pai (1.14). Se a expressão "o Pai é maior do que eu", proferida pelo próprio Cristo, fosse um ensino bíblico que negasse sua divindade, seríamos obrigados (e também as próprias testemunhas-de-jeová) a aceitar Jesus sendo inferior até mesmo em relação aos anjos, pois está escrito: "Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos" (Hb 2.9).

Se os adeptos dessa seita admitem que o Filho é inferior ao Pai, por causa dessa expressão de Jesus, são também compelidas a declarar que Jesus é inferior aos anjos, pois é isso que o texto de Hebreus expressa. No entanto, declaram que o Filho é superior aos anjos. Em Lucas 2.51, está registrado: "E era-lhes [Jesus] sujeito [seu pais]". Ensinam, porém, que os pais de Jesus eram superiores a Ele? Absolutamente. Então, fica provado que o texto em referência não invalida a deidade do Filho. Ao contrário, trata-se de uma missão terrena na direção do Espírito Santo e na submissão espontânea assumida por Jesus diante do Pai. O texto não fala de natureza, mas de posição (Fp 2.6-8).

No importante documento intitulado Tomo de Leão (V. apêndice), que foi bispo de Roma (440-461), parte 3, lemos: "Assim, intactas e reunidas em uma pessoa as propriedades de ambas as naturezas, a majestade assumiu a humildade, a força assumiu a fraqueza, a eternidade assumiu a mortalidade e, para pagar a dívida de nossa condição, a natureza inviolável uniu-se à natureza que pode sofrer. Desta maneira, o único e idêntico Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, pôde, como convinha à nossa cura, por um lado, morrer e, por outro, não morrer".

Na parte 4, destaca-se o seguinte: "Neste mundo fraco entrou o Filho de Deus. Desceu do seu trono celestial, sem deixar a glória do Pai, e nasceu segundo uma nova ordem, mediante um novo modo de nascimento. Segundo uma nova ordem, visto que invisível em sua própria natureza, se fez visível na nossa e, Ele que é incompreensível, se tornou compreendido; sendo anterior aos tempos, começou a existir no tempo; Senhor do Universo, revestiu-se de forma de servo, ocultando a imensidade de sua excelência; Deus impassível, não se horrorizou de vir a ser carne passível; imortal, não recusou às leis da morte. Segundo um novo modo de nascimento, visto que a virgindade, desconhecendo qualquer concupiscência, concedeu-lhe a matéria de sua carne. O Senhor tomou, da mãe natureza, não a culpa. Jesus Cristo nasceu do ventre de uma virgem, mediante um nascimento maravilhoso.

O fato do corpo do Senhor portentosamente não impediu a perfeita identidade de sua carne com a nossa, pois Ele que é verdadeiro Deus é, também, verdadeiro homem. Nesta união não há mentira nem engano. Correspondeu-se numa unidade mútua a humildade do homem e a excelsitude de Deus. Por ser misericordioso, Deus [divindade] não se altera; por ser dignificado, o homem [humanidade] não é absorvido. Cada natureza [a de Deus e a de servo] realiza suas próprias funções em comunhão com a outra. O Verbo faz o que é próprio do verbo; a carne faz o que é próprio da carne; uma fulgura com milagres; o outro submete-se às injúrias. Assim como o Verbo não deixa de morar na glória do Pai, assim a carne não deixa de pertencer ao gênero humano [...] Portanto, não cabe a ambas as naturezas dizerem: 'O Pai é maior do que eu' ou 'Eu e o Pai somos um', ainda que em Cristo nosso Senhor haja só uma pessoa, Deus-homem. O princípio que comunica a ambas as naturezas as ofensas é distinto do princípio que lhes torna comum a glória.

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