Infelizmente, tem sido muito comum e contagiante, no meio evangélico, a aversão ao dízimo. Tenho percebido o levantamento de irmãos “hábeis” em questionar a legitimidade do ato de dizimar. Os argumentos são defendidos com tanto fervor que me fazem pensar se tais irmãos procederiam com o mesmo ímpeto em relação às outras doutrinas da igreja cristã. Diante disso, gostaria de dedicar uma breve reflexão sobre o assunto.
Como sabemos, o dízimo faz parte da lei, portanto consta no velho pacto, tendo perdido o seu caráter de obrigatoriedade, já que vivemos no novo pacto, o pacto da graça. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo indicou um parâmetro aos irmãos de Corinto, a fim de que contribuíssem financeiramente com o reino de Deus: “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade...” (1Co 16.2a).
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra prosperar significa “ter fortuna favorável; enriquecer; ir em aumento; crescer; dar bom resultado; melhorar; desenvolver-se; fazer ir aumentando; progredir; etc”. Todos estes significados nos sugerem a idéia de proporcionalidade e consideração das posses de cada crente ao efetuar a contribuição para a obra do Senhor, de forma que os 10% obedecem perfeitamente a esta proporcionalidade e ainda possuem o crédito de ser amparados pelos exemplos de homens de Deus do Antigo Testamento que dizimaram, pessoas que viveram sob a lei de Moisés e de outras que existiram antes da lei, notadamente os patriarcas da fé.
Mas, deixando de lado a discussão que reclama fundamentos bíblicos, gostaria de expor um raciocínio regido pelo bom senso e pela sensatez. Quero convidar aqueles que são contrários ao argumento bíblico em favor do dízimo para que sejam coerentes e analisem a questão sob o ponto de vista simplesmente numérico.
Vejamos o seguinte exemplo. Uma família de cinco pessoas com arrecadação total de mil reais por mês contribuiria com cem reais de dízimo, o que equivale a 10% da receita. Supondo que esta família participe de dois cultos por semana, sendo um de ensino e um evangelístico, teríamos, ao final do mês, oito cultos. Assim, proporcionalmente, esta família contribuiria com doze reais e cinqüenta centavos por culto, o que significa dois reais e cinqüenta centavos pôr pessoa para cada culto. Esta soma, só a título de comparação, é mais barata do que meia-entrada para assistir a um filme no cinema, ou, ainda, uma mensalidade para se tornar sócio de um clube. Quando comparamos o dízimo com outros tipos de atividades, percebemos que não se trata de nenhum absurdo, como alguns dos irmãos pensam.
Agora, concluo com a seguinte pergunta: “O que tem mais valor: estar na casa do Senhor adorando e aprendendo a Palavra de Deus ou participar de quaisquer outras atividades de entretenimento?”. Não quero condenar as pessoas que dedicam tempo e investimento ao lazer ou a outras atividades, pois sei que todas elas fazem parte e são importantes para a nossa vida. Mas daí a julgar que é errado investir no reino de Deus com o dízimo (“preço”), esquecendo-se que recebemos — independente de sermos ou não dizimistas — bênçãos incalculáveis da parte do nosso Deus (“valor”), parece-me não ser nem um pouco razoável, exceto para aqueles que ignoram a imensa e significativa diferença entre valor e preço. Pense nisso!
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