Apologética



O equívoco de Ellen G. White sobre as irmãs Fox



falsa profetisa enganada por fraude espírita

Em 32 de março de 1848, perto de Rochester, Nova York(EUA), duas irmãs, Katherine e Margaret Fox, com idades entre 11 e 13 anos, alegavam que ouviam sons de pancadas inexplicáveis que partiam de um cômodo na casa da fazenda onde moravam. Logo, carruagens alinhavam-se junto à casa com pessoas que vinham testemunhar as irmãs, supostamente, comunicando-se com o espírito de um vendedor itinerante que havia sido assassinado e, supunha-se, teria sido sepultado no porão da casa cinco anos antes.

As habilidades de Katherine e Margaret tornaram-se bastante conhecidas na Europa e elas embarcaram numa carreira lucrativa como médiuns, realizando seções em salas privadas pelos Estados Unidos e Inglaterra.

Na época, a Sra. White, profetisa adventista, estava bem informada sobre as irmãs Fox, pois escreveu em O conflito dos séculos, obra capital do adventismo do sétimo dia: "As misteriosas pancadas com que o espiritismo moderno teve início não foram resultado de truques ou embuste humano, mas ação direta dos anjos malignos, que assim introduziram um dos mais bem-sucedidos enganos destruidores de almas" (p. 553, edição em inglês).

Após 40 anos, em 1888, depois da primeira visão do Grande conflito de Ellen Gould White ter sido publicada, as irmãs Fox não mais podiam ocultar a verdade. Elas produziam os sons de batidas e admitiram isso, primeiro utilizando uma maçã presa a um barbante que lançavam contra a parede de uma sala escura manipulando o barbante, e, mais tarde, por simplesmente fazer estalar as juntas dos artelhos. Com esse artifício engenhoso, se exibiram em muitos lugares e atraíram audiências que vinham ver o desempenho delas (People magazine, 25 de outubro de 1999, p. 125).

As irmãs Fox admitiram o que muitos céticos já criam, isto é, que as batidas eram meramente um ardil bem elaborado incutido nas pessoas crédulas. Uma das pessoas enganadas foi Ellen Gould White. A Sra. White lançou a culpa de sua crença nas "pancadas misteriosas" como sendo o poder sobrenatural de Satanás. Alegou que viu em visão dada por Deus que as batidas eram produzidas pelo poder do maligno: "Vi que as 'pancadas misteriosas' eram o poder de Satanás; algumas derivavam diretamente dele, outras indiretamente, por meio de seus agentes, mas tudo procedia de Satanás" (Primeiros escritos, p. 59, 24 de agosto de 1850).

Ellen Gould White chegou a criar uma profecia a respeito das batidas das irmãs Fox: "Vi que, em breve, seria considerado blasfêmia falar contra as batidas, e que se difundiriam mais e mais, e que o poder de Satanás aumentaria e alguns de seus dedicados seguidores teriam o poder de operar milagres e mesmo de trazer fogo do céu à vista dos homens" (Primeiros escritos, p. 59, 24 de agosto de 1850).

Essa profecia foi um assinalado fracasso, como tantas outras oriundas dessa mentora adventista. Não vimos qualquer evidência de jamais ter sido considerado blasfêmia falar contra as pancadas e, conquanto o movimento crescesse em popularidade por um curto período, finalmente se esvaiu. O movimento já estava em declínio antes da admissão pelas irmãs Fox, em 1888, e, após a morte delas, na década de 1890, prosseguiu em declínio. O movimento espiritualista como um todo se desfez na década de 20, depois que o popular mágico Harry Houdini expôs numerosos médiuns famosos como embusteiros e fraudulentos. Conquanto seja possível associar as pancadas das irmãs Fox com a gênese do kardecismo, o fato é que essas meninas confessaram que o embuste era proveniente da mente humana e não da ação sobrenatural direta de Satanás e seus agentes. Temos, aqui, um caso notório em que uma falsa profetisa foi enganada por falsos médiuns, evidenciando que as visões e revelações da Sra. White não eram provenientes de Deus, cujas profecias jamais deixaram de ser cumpridas.


A confissão de Margaret Fox


"Minha irmã Katie foi a primeira a descobrir que, por esfregar os dedos, podia produzir certo ruído com as juntas, e que o mesmo efeito podia ser produzido com os artelhos. Descobrindo que podíamos criar ruídos com nossos pés - primeiro com um pé, depois com ambos - praticamos até poder fazer isso com facilidade quando a sala estava às escuras. Ninguém suspeitava de que fosse um truque nosso, pois éramos crianças ainda tão novas [...] Todos os vizinhos julgavam que havia algo e desejaram descobrir do que se tratava. Estavam convencidos de que alguém havia sido assassinado na casa. Perguntaram-nos a respeito, e praticávamos as pancadas, sendo uma para "sim", três para "não", como passamos fazer daí por diante. Nada sabíamos sobre espiritismo, até então. O assassinato, concluíram, devia ter sido cometido na casa. Finalmente, encontraram um homem chamado Bell e disseram que o pobre inocente havia cometido um assassinato na casa e que aqueles sons procediam dos espíritos das pessoas assassinadas. O pobre Bell passou a ser evitado e visto como assassino por toda a comunidade. No que tange aos espíritos, nem eu nem minha irmã pensávamos a respeito disso [...] Tenho visto tanto engano danoso que estou disposta a prestar assistência o quanto puder e, positivamente, declarar que o espiritismo é uma fraude da pior descrição. Faço isso perante Deus, e minha ideia é denunciá-lo [...] Estou convicta de que esta declaração, partindo solenemente de mim, a primeira e mais bem-sucedida nesse engano, romperá a força do rápido crescimento do espiritismo e comprovará ser tudo uma fraude, hipocrisia e engano" (New York World Newspaper, 21 de outubro de 1888).


Por Dirk Anderson

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