A maior festa de aniversário do mundo
Temos recebido muitas perguntas e contestações a respeito do Natal. Por exemplo: o cristão deve ou não participar de festas natalinas, comemorar o Ano Novo, apresentar crianças, realizar formaturas, entre outras questões. Esta revista, tem analisado os mais diversos temas e achamos por bem abordar esse assunto de maneira simples e equilibrada.
Comemoramos com alegria o nascimento de pessoas queridas e nos confraternizamos em seus aniversários. Portanto, entendemos ser válido e de muita gratidão nos regozijarmos também pelo nascimento de Jesus e lembrarmos desse acontecimento ímpar na história da humanidade com alegria. Outros, porém, entendem tratar-se de uma festa oriunda do paganismo, não- cristã. De antemão, queremos deixar bem claro que não iremos apresentar objeções contrárias aos grupos cristãos que não participam de comemorações natalinas. Respeitamos essa opção, já que entendemos tratar-se de uma questão secundária. O mais importante para nós é nos mantermos unidos na fé em Jesus Cristo, respeitando a maneira amorosa de cada comunidade cristã prestar gratidão pela vinda do Filho de Deus à terra.
A palavra natal vem do latim natale, relativo ao nascimento. O mundo ocidental cristão define o Natal como a celebração do nascimento de Jesus Cristo, e isso ocorre, todos os anos, no dia 25 de dezembro. Observando a história, podemos analisar que a comemoração do nascimento de Jesus, através de uma data específica, era de pouco interesse dos cristãos primitivos.
A primeira evidência histórica de que dispomos sobre o Natal é da primeira metade do século III d.C. Hipólito, bispo de Roma, escolheu a data de 2 de janeiro para celebrar o nascimento de Jesus. Outros cristãos escolheram datas diferentes, tais como: 6 de janeiro, 25 ou 28 de março, 18 ou 19 de abril e 20 de maio. A comemoração universal de 25 de dezembro se firma entre 325 a 354 d.C., aproximadamente.
Os evangelhos não indicam a data em que o Senhor Jesus nasceu, mas apresentam um quadro grandioso e jubiloso da celebração desse dia: E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Acharás o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2.9-14).
Visto que não há registro bíblico do dia específico desse extraordinário acontecimento: o verbo se fez carne (Jo 1.1;14), os cristãos escolheram por si mesmos uma data para celebrar o Natal. Poderiam escolher outra data qualquer, mas a escolha recaiu sobre o dia 25 de dezembro, que era uma ocasião já consagrada no calendário do Império Romano pela grande festividade do Natal do Sol Invicto. A festividade do Natal do Sol Invicto era celebrada pelos adoradores do Sol (normalmente identificado com Mitra). O mistraísmo era um culto que possuía algumas semelhanças com o cristianismo e, paradoxalmente, intransponíveis diferenças. Era uma religião de mistério, que concorria intensamente com o cristianismo na busca de fiéis. O cristianismo entrou em conflito com essa religião e, finalmente, venceu.
A escolha do dia 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus ofuscou as festividades do Natal do Sol Invicto dos pagãos e consagrou o dia do nascimento do verdadeiro Sol da Justiça, que para os cristãos é Cristo: Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria (Ml 4.2).
Dessa maneira, os cristãos daquela época cristianizaram um dia festivo do calendário romano, argumentando que Jesus é a luz verdadeira. Pois o próprio Senhor Jesus disse, em João 8.12, que ele é a luz do mundo. Foi uma maneira que esses cristãos acharam de considerar o feriado romano e trocar o objeto de culto, já que não tinham uma data específica. Com isso, destruíram o culto pagão, condenando-o ao desapare cimento.
Para que possamos compreender bem a questão, apresentamos o seguinte exemplo: O carnaval no Brasil é comemorado em fevereiro. Imagine se os crentes brasileiros conseguissem ganhar as pessoas para a fé em Jesus e, ao invés de festejarem o Carnaval, esse período fosse dedicado ao Senhor Jesus. Neste caso, o feriado carna valesco seria mantido no calendário oficial do Brasil, mas essa data seria dedica da ao culto e aos louvores ao Filho de Deus. Aliás, nessa data, muitas igrejas evangélicas realizam reuniões, retiros espirituais e cultos. Guardando as devidas proporções, foi algo parecido com esse exemplo que ocorreu com a celebração do Natal. Ou seja, caso isso aconte cesse, de o feriado do Carnaval passar a ser dedicado ao Senhor Jesus, se ria falso dizer que a sua origem era pagã.
Embora a maioria dos cristãos celebre o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, nem todos consi deram essa data, mas isso não consiste um problema propriamente dito, já que para muitos o importante não é a data em si, mas o aconte cimento: Jesus nasceu. Os or to doxos comemoram o Natal no dia 06 de janeiro e os armênios, no dia 19 do mesmo mês. Biblicamente, dois fatos importantes demonstram que o nascimento de Cristo não se deu em nenhuma dessas datas. O contexto de Lucas, por exemplo, revela que o nascimento do Mes sias ocorreu em um verão: o recen seamento de ter minado por César Augusto (Lc 2.1-2) e os pastores no campo durante a noite (Lc 2.9). O deslocamento de grandes grupos de pessoas de um local para outro não era algo apropriado no inverno e muito menos era típico dos pastores apascentarem suas ovelhas no relento nessa época do ano.
Grande parte dos cristãos evan gélicos comemora o acon tecimento, e não o dia em si, pois para eles todos os dias é Natal. Como já falamos, muitas igrejas cristãs não comemoram o Natal, outras defendem a abstinência de qualquer celebração (por exemplo, aniversários, casa mentos, apresen tação de crianças, Ano Novo etc). E respeitamos a posição adotada pelas diferentes deno minações, como também respei tamos a posição das igrejas que adotam as celebrações. O apóstolo Paulo, escrevendo aos irmãos de Colossos, declara: Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados (Cl 2.16). E vai mais além: E quando fizerdes por palavras ou por obras fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Cl 3.17).
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos (Gl 4.4-5).
Independente da data e da comemoração do Natal, acreditamos que todos os cristãos são gratos a Deus pela vinda de Jesus. O Senhor Jesus é a pessoa central da fé cristã. A primeira profecia referente ao Messias está registrada no livro de Gênesis, onde o apresenta como a semente da mulher: E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.15). O Messias nasceria da descendência de Abraão: ...e em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3). A respeito dele, lemos o seguinte em Números 24.17: Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel... A Sagrada Escritura indica o local do nascimento de Jesus: E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2).
O Messias milagrosamente nasceria de uma virgem: Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel (Is 6.14).
O ministério do Messias seria glorioso: Mas a terra, que foi angustiada, não será ente- nebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galiléia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeu a luz. Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam quando se repartem os despojos (Is 9.1-3).
O Messias seria o grande profeta: O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis... (Dt 18.15).
Seria o sacerdote eterno: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110.4).
Ele sofreria em nosso lugar: Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimi- do. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cairf sobre ele a iniqüidade de nós todos (Is 53.4-6).
O nascimento do Senhor Jesus é motivo de grande alegria a todos o povos. Para os cris- tãos, o Natal (o nascimento de Jesus) significa a materialização do grande amor de Deus: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). E mais: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). E não pára por aí: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2.14). Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Jo 2.11).
Independente de qualquer posição em relação à festa de Natal, louvamos a Deus por essa feliz Boa Nova: Jesus nasceu!
Existem objeções quanto aos símbolos natalinos: árvore de Natal, Papai Noel, troca de presentes, iguarias especiais, entre outros. Compreendemos a preocupação dos grupos que se opõem a essas simbologias que, não poucas vezes e de fato, obscurecem o verdadeiro sentido dessa data tão importante. Afinal, quando se fala em Natal, existe a tendência de as pessoas lembrarem logo de Papai Noel, árvore de Natal, comidas especiais, presentes, menos da encarnação do Verbo. Nesse sentido, toda a simbologia natalina é muito negativa, já que o mais importante disso tudo é o nascimento do Senhor Jesus.
O maior divulgador dos símbolos natalinos hoje é o sistema capitalista, cujo objetivo não é outro senão incentivar o consumismo exagerado. Pelo que podemos perceber em meio a tanto alvoroço nesse período do ano é que as pessoas se preocupam com os símbolos natalinos mais por seu aspecto decorativo do que religioso. Afinal, ninguém que compra, assa e come um gordo peru no Natal pode ser acusado de paganismo. Muito menos pode ser acusado de profunda religiosidade ou de ser de escravo do capitalismo. Isso porque o consumo de alimentos especiais em datas como o Natal é plenamente aceitável.
Existem muitas teorias sobre a origem da árvore de Natal. Eis algumas:
Segundo essa teoria, a árvore de Natal, conhecida nas regiões nórdicas por sempre- vivas, tem sua origem nos costumes das tribos celtas e teutônicas. Eram honradas por essas tribos pagãs quando do solstício de inverno realizavam festas para celebrar a vida eterna. Pelo fato de os pinheirinhos suportarem o rigoroso inverno sem perderem as folhas, essas árvores eram adoradas como sendo uma promessa do retorno do deus Sol.
Por estarem continuamente presentes na Bíblia, as árvores se tornaram um símbolo bastante estimado no cristianismo. De Gênesis a Apocalipse encontramos registros sobre as árvores. O livro de Gênesis fala a respeito das famosas árvores (Gn 2.9): a do conhecimento do bem e do mal (2.17) e a árvore da vida (3.24). Nos evangelhos, o Senhor Jesus, ao transmitir seus ensinamentos, várias vezes fez menção delas. Como, por exemplo, a figueira (Mt 21.18-22), a videira (Jo 15.1-6), a oliveira, entre outras. Muitas pessoas associam a árvore da Vida ao Senhor Jesus. Seria, então, a árvore de Natal o símbolo de uma nova árvore da vida: Cristo?
Segundo a tradição envolvendo Martinho Lutero, o surgimento da árvore de Natal deve- se a um ato desse reformador. Como isso aconteceu? Contam que Lutero, ao passar por um bosque, teria observado a maravilhosa beleza das estrelas no céu, que brilhavam por entre os ramos dos pinheiros, e, impressionado com essa extraordinária visão, ele tentou duplicá-la em sua casa, acendendo velas entre os ramos de sempre-vivas.
A moderna árvore de Natal, também conhecida em algumas partes do continente europeu como árvore de Cristo, tem sua origem na Alemanha. A primeira referência a essa árvore encontra-se em uma crônica alemã (crônica de Schlettstadt) do ano 1.600, aproximadamente. As famílias alemãs decoravam árvores com doces, frutas e papéis coloridos. Esta tradição espalhou-se por toda Europa e chegou à América do Norte pelos colonizadores alemães e, então, se popularizou, atingindo o mundo inteiro.
Acredita-se que o primeiro cartão de Natal foi confeccionado na Inglaterra em 1843 por um artista chamado John C. Horsley para um amigo, Sir Henry Cole. Neste cartão estava desenhada uma família e as palavras A Merry Christmas and a Happy New Year to You. Esta prática difundiu-se rapidamente por toda a Inglaterra e países de língua inglesa chegando depois ao resto do mundo.
As primeiras canções natalinas datam do século IV e são cantadas até hoje na véspera de Natal. Provavelmente, a mais majestosa de todas as canções natalinas seja o Messiah, de George Frideric Handel. E, talvez, a mais popular seja White Christmas, escrita por Irving Berlin, em 1942, para o filme Holliday Inn.
Outras famosas canções de Natal são Silent Night, Holy Night (composta na Áustria por Franz Gruber, século 19), The First Nowell, Hark, the Herald Angels Sing, Away in a Manger, A Little Town of Bethlehem e Jingle Bells.
A reprodução do cenário onde Cristo nasceu é um dos símbolos mais comuns no Natal nos países católicos: uma manjedoura, animais, pastores, os três reis magos, Maria, José e o menino Jesus. Esse costume surgiu com São Francisco de Assis, que pediu a um homem chamado Giovanni Villita que criasse o primeiro presépio. São Francisco, então, celebrou uma missa em frente desse arranjo, inspirando devoção a todos que o assistiam. Entre a maioria das igrejas evangélicas não há esse costume, visto que o uso de imagens de personagens bíblicos é quase sempre associado à idolatria.
Um dos costumes mais antigos associados ao Natal e tem sua origem pré-cristã nos hábitos romanos. Posteriormente, as tribos germânicas da Europa, ao se converterem ao cristianismo, passaram a comemorar o Natal dessa maneira. Existem outras explicações sobre essa prática. Uma delas conta que São Nicolau, um anônimo benfeitor, gostava de presenteava as pessoas no período natalino. Outra tradição mais antiga lembra os três reis magos, que entregaram dádivas a Jesus.
A lenda do bom velhinho foi inspirada em uma pessoa verdadeira: São Nicolau, que viveu há muitos séculos. Embora tenha sido um dos santos mais populares do Catolicismo, atualmente poucas pessoas conhecem a sua história. Ele viveu em Lycia, uma província da planície de Anatólia no sudoeste da costa da Ásia Menor onde hoje existe a Turquia. A História diz que ele nasceu no ano de 350 e viajou ao Egito e à Palestina ainda jovem, onde se tornou bispo. Durante o período da perseguição aos cristãos pelo Imperador Dioclécio, ele foi aprisionado e solto posteriormente por Constantino, o Grande, sucessor de Dioclécio.
Sua reputação de generosidade e compaixão é melhor exemplificada na lenda que relata como ele salvou da vida de prostituição as três filhas de um homem pobre. Em três ocasiões diferentes o bispo arremessou uma bolsa contendo ouro pela janela da casa da família, abastecendo, desta forma, cada filha com um respeitável dote para que pudessem conseguir um bom casamento.
São Nicolau foi escolhido como o santo patrono da Rússia e da Grécia. É também o patrono das crianças e dos marinheiros. A transformação de São Nicolau em Papai Noel começou na Alemanha entre as igrejas protestantes, já que, com a Reforma Protestante, o culto aos santos fora rejeitado, com isso a figura de São Nicolau como tutor e patrono fora transferida a Jesus. Todavia, sua figura do homem do Natal permaneceu.
Como o Natal trans formou-se na mais famosa e popular das festas, a lenda do bom velhinho cresceu. Em 1822, Clement C. Moore escreveu o poema A Visit from St. Nicholas, retratando Papai Noel passeando em um trenó puxado por oito pequenas renas, o mesmo modelo de transporte utilizado na Escandinávia. O primeiro desenho retratando a figura de Papai Noel, como conhecemos nos dias atuais, foi feito por Thomas Nast e publicado no semanário Harper's Weekly, em 1866.
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