Ofato de falarmos a mesma língua dos nossos ouvintes não nos garante sucesso absoluto em nossa comunicação. Além dos problemas mais comuns, como diferente pronúncia e variação no significado das palavras, podemos nos deparar com construções gramaticais que, aparentemente, estão vazias de sentido ou possuem sentido estranho.
O missionário Duane Elmer foi alvo desse tipo de experiência e ficou bastante desconfiado de sua ajudante doméstica na África do Sul. Ocorreu que, após quebrar uma louça na cozinha, em vez de assumir a culpa e pedir perdão ("Perdoe-me, eu quebrei a louça"), ao ser interrogada ela respondeu:
"A louça caiu da minha mão e está quebrada". Somente após um período de investigação e conhecimento dos aspectos da cultura e da língua materna de Eunice, Elmer descobriu o que a sul-africana realmente estava querendo dizer na ocasião do incidente.
Declara ele: "Com o passar do tempo, comecei a descobrir os porquês - eles são descobertas maravilhosas, esclarecedoras e fascinantes.
Então, comecei a entender Eunice.
Em sua língua materna, o zulu, utiliza-se as vozes passiva e estática com mais freqüência do que usamos a voz ativa".
Voz ativa - "Perdoe-me, eu quebrei a louça"
Voz passiva - "A louça caiu da minha mão...
Voz estática - "... e está quebrada" 1
Além das dificuldades com os falantes da nossa própria língua, não faltarão barreiras na comunicação para quem precisa aprender um novo idioma. Em especial, se há manifestações gramaticais sem qualquer correspondência em nossa língua materna ou se é evidenciada a ausência de expressões que consideramos importantes.
O casal missionário da ALEM, Fernando e Angelita Alencar, atuando entre os indígenas nambikuara, em Rondônia, vem procurando, há meses, na língua local, a palavra perdão ou algum correspondente, mas sem êxito. "Ainda não encontramos na língua e não conseguimos perceber na prática como se exprime o perdão entre os nambikuara", 2 disse o casal.
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