Presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry
Há muitas razões para justificar a necessidade da apologética para a Igreja cristã atual. E o objetivo deste breve artigo, que não tem a pretensão de esgotar o assunto, é apresentar os principais motivos. Para tanto, nos baseamos na seguinte pergunta: "Por que precisamos da apologética?". Vejamos as oito respostas.
A primeira e mais óbvia é porque somos ordenados a defender a fé. A primeira epístola de Pedro diz: "Antes, santificai o Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (3.15).
Precisamos da apologética porque ela ajuda os cristãos a conhecer sua fé. Infelizmente, o conhecimento da própria crença é algo em falta na vida de muitos cristãos. A maioria não sabe mais que superficialmente sobre a fé que professa e, por isso mesmo, não é capaz de explanar ortodoxamente sobre a Trindade, as duas naturezas de Cristo e sua ressurreição física, ou mesmo explicar a diferença entre justificação e santificação. A apologética auxilia a definir e defender o verdadeiro evangelho.
A apologética é uma tentativa de manter as pessoas a salvo do inferno. Deus leva as implicações do pecado muito a sério e, certamente, punirá aqueles que se rebelarem contra Ele e não estiverem cobertos com o sangue do Cordeiro. Como cristãos, isso deveria nos motivar a apresentar ao mundo a verdade da salvação em Jesus. Não podemos ficar sentados, ociosos, ignorando a tragédia que envolve os incrédulos. Temos o dever de lhes dizer que o pecado é real, porque Deus é real, e que a oposição aos mandamentos de Deus trará conseqüências nefastas. Considerando que todos somos pecadores, sabemos da nossa incapacidade em observar a Palavra de Deus com perfeição. Também não podemos desfazer, por nós mesmos, a ofensa contra o Deus infinitamente santo, porque não somos infinitos ou plenamente santos como Ele é. Assim, o nosso único destino é nos submetermos ao julgamento de Deus. Mas, o Senhor, por sua misericórdia, nos proveu um modo de escaparmos desse julgamento. Deus se tornou homem em Cristo Jesus. Ele reivindicou ser Deus (Jo 8.24, 58 cf. Êx 3.14). Jesus suportou nossos pecados em seu corpo na cruz (1Pe 2.24). Confiando em Jesus como nosso redentor, seremos poupados do julgamento divino. A salvação não pode ser encontrada no budismo, no islamismo, no relativismo ou em nosso ego, mas apenas em Cristo. Assim, além de defender a Palavra de Deus, precisamos apresentar o evangelho a todas as pessoas.
Precisamos da apologética para desfazer a péssima imagem do cristianismo na mídia e na sociedade em geral. Os televangelistas e seus escândalos, no âmbito sexual e moral, são uma desgraça para o testemunho do evangelho. A Igreja Católica, por sua vez, não tem ajudado muito com seus escândalos envolvendo sacerdotes. A partir de tudo isso, a mídia constrói um arsenal para atacar o cristianismo, fomentando opiniões contra a nossa fé em todos os setores da sociedade.
Precisamos da apologética porque existe uma constante e explícita ameaça de apostasia no seio da Igreja cristã. Em determinadas denominações evangélica dos EUA, a prática homossexual é abertamente defendida porque, segundo esses irmãos, em nada viola as Escrituras Sagradas (Rm 1.18-32). Entre muitos outros exemplos, esse tipo de colocação demonstra que necessitamos defender a verdade bíblica até mesmo dentro das igrejas que reivindicam ser cristãs.
Precisamos da apologética porque muitos falsos ensinamentos andam ao nosso redor. O mormonismo ensina que Deus foi um homem de carne e osso em outro mundo, que trouxe uma de suas deusas-esposas para este mundo, que eles (deus e sua esposa) produzem uma linhagem de espíritos com a missão de que estes vivam em bebês humanos e, ainda, que todos nós temos o potencial necessário para nos tornarmos um deus e governarmos o nosso próprio mundo. As testemunhas de Jeová ensinam que não existe Trindade, que Jesus é o arcanjo Miguel, que não existe inferno e que apenas 144 mil pessoas viverão no céu. O ateísmo nega a existência de Deus, ataca abertamente o cristianismo e está conquistando imenso espaço nas universidades públicas de todo o mundo. O islamismo ensina que Jesus não era Deus encarnado, que Ele não ressuscitou dos mortos e que não redimiu os nossos pecados. Os muçulmanos ensinam que a salvação é parcialmente dependente das obras humanas, da graça e de Alá. Ensinam que o Espírito Santo é o anjo Gabriel (Sura 2:97; 16:102), que os djins são espíritos invisíveis criados a partir do fogo (Sura 51:56; 15:27, 55:15) e, por fim, que Maomé foi maior que Jesus. Como se isso não bastasse, existem, também, em muitas igrejas, falsos ensinamentos e os exemplos são quase infindos.
A ascensão da imoralidade apresenta-se hoje, mais do que nunca, como uma ameaça não apenas à sociedade, mas também ao cristianismo. Esta é uma questão muito séria, pois uma sociedade imoral não pode perdurar por muito tempo. Pesquisas nos EUA demonstram que 64% dos adultos e 83% dos adolescentes acreditam que a verdade moral depende de cada um, isto é, trata-se de algo relativo. Entre os adultos, 19% acreditam que a noção de pecado é antiquada e 51% acreditam que, se uma pessoa é boa ou se esmera em fazer o bem, ela merecerá um lugar no céu.
Quando a moral da sociedade falha, a sociedade falha. Basta olharmos para a história e nos determos nos exemplos da Roma Antiga, da Grécia Antiga ou de algumas metrópoles do nosso mundo atual. A imoralidade atinge todas as camadas da sociedade. Don Feder, no periódico intitulado Conservative Chronicle ("Crônicas conservadoras"), em um de seus artigos afirmou: "Em algumas livrarias, pode-se encontrar, entre títulos voltados para o público juvenil, os seguintes temas: 'O prazer do sexo gay' e 'Como fazer sexo com uma mulher solteira', há inúmeros livros sobre a Nova Era e o ocultismo, obras que incentivam os jovens a experimentar os efeitos das drogas para julgarem se é correto ou não consumi-las, e até mesmo livros que ensinam os jovens a praticarem o suicídio".
O famoso jornal The New York Times, em sua versão eletrônica, trouxe a seguinte declaração de um adolescente num artigo a respeito de jogos de videogame: "O que eu gosto de fazer (no jogo) é entrar num carro e dirigir atirando nas pessoas. Posso puxar as pessoas para fora de seus carros, espancá-las, roubar o dinheiro delas e curtir o carro que compraram. É muito bom o divertimento proporcionado por um jogo assim...". Certo publicitário de Long Island disse que quanto mais violentos são os jogos, mais atraem os adolescentes. É certo que nem todos os jogos são violentos, mas o fato de esses especialmente serem os mais populares é o termômetro de que alguma coisa está muito errada.
Com isso, não queremos sugerir uma administração sócio-política teocrática regida por cristãos, mas esses tipos de tendências sociais são perturbadoras e refletem o declínio moral da América (que está sendo exportado para outros países do mundo), onde o que é bom é chamado de mau e o que é mau é considerado bom. Temos a recomendação bíblica: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai" (Fl 4.8). Não podemos ignorar a Palavra de Deus sem sofrermos as conseqüências.
Precisamos da apologética porque muitas escolas seculares hoje atuam contra o cristianismo. Minha própria experiência como acadêmico não-cristão ensinou-me que existe uma forte hostilidade aos cristãos no ambiente escolar por parte dos professores de filosofia, história, biologia, física, entre outros. O cristianismo está sob um ataque intenso do mundo e precisamos batalhar o bom combate sem recuar. Precisamos da apologética para que possamos dar explicações racionais, inteligentes e pertinentes aos críticos e preconceituosos, demonstrando-lhes que o cristianismo é coerente.
Em suma, se existe um tempo em que a apologética é necessária, este tempo é agora!
© Copyright 2000-2024 Instituto Cristão de Pesquisas
Ícones feitos por Freepik from www.flaticon.com