(Mc 10.6)
Por Dr. Albert Mohler Jr.
Presidente do Seminário Teológico Batista do Sul (EUA)
Tradução de Julio Severo
No século 19, o povo britânico ficou conhecendo um conto de fadas sobre "bebês d'água" por meio de um conto escrito pelo reverendo Charles Kingsley. Os bebês d'água entraram para o folclore e, por isso, gerações de crianças britânicas imaginavam os bebês d'água e seu conto.
Agora, diretamente do Canadá, vem outra estranha história. Mas, desta vez, não é um conto de fadas. Um pai e uma mãe canadenses provocaram uma polêmica incontrolável por causa de sua determinação de criar seu terceiro filho como um "bebê sem sexo".
Conforme disse, em sua reportagem, o jornalista Jayme Poisson: "Os vizinhos sabem que Witterick e seu marido, David Stocker, estão criando um bebê sem sexo. Mas eles não fingem entender isso".
Veja bem, os vizinhos poderiam interpretar literalmente as palavras daqueles pais, mas a própria ideia de um bebê sem sexo é ridícula. Esse não é um bebê com um órgão sexual ambíguo, um defeito que ocorre numa porcentagem muito pequena dos nascimentos (V. boxe). Os pais admitem que esse bebê possui um sexo biológico definido, mas não querem que o sexo biológico se torne a identidade da criança. Antes, desejam que a criança faça essa determinação mais tarde.
O que não surpreende ninguém é que esses próprios pais se classificam como sendo esquerdistas políticos e ideológicos. Seus dois filhos mais velhos são meninos, mas os pais os incentivam a se comportar e a se vestir sem seguir normas. Tanto é assim que o jornalista nos informa que muitos que os veem presumem que sejam meninas.
O novo bebê, chamado Storm (que em inglês significa "tempestade violenta"), é vestido e apresentado de um modo que não deixa claro o seu sexo. Só os pais, os dois meninos mais velhos e um amigo íntimo da família sabem a verdade sobre o sexo biológico da criança.
Conforme diz Poisson em sua reportagem: "Quando um bebê nasce, até mesmo as pessoas que mais amam você e o conhece intimamente perguntam sempre antes de qualquer coisa: 'É menina ou menino?', diz Witterick. 'Se você realmente quer conhecer alguém, você não pergunta o que há entre suas pernas', diz Stocker".
A polêmica envolvendo Storm é um sinal dos nossos tempos. A nossa identidade não é só o nosso próprio projeto pessoal, antes, e acima de tudo, é estabelecida na intenção do Criador - e parte dessa intenção é o fato de que somos macho ou fêmea.
Os pais de Storm claramente creem que a nossa identidade pessoal é o nosso próprio projeto pessoal. E lamentam até o fato de que outros pais façam tantas decisões para seus filhos. "É repulsivo", diz Stoker.
Veja bem, caro leitor, a decisão sobre sexo de uma criança não é algo que os pais fazem. Pelo contrário. É uma decisão que cabe ao Senhor Deus. Neste ponto, a cosmovisão cristã e a cosmovisão secular se chocam. Apesar disso, a realidade objetiva do sexo da criança acabará se tornando uma questão pública, independente das intenções dos pais. Como até eles reconhecem, em algum momento no futuro, decisões sobre certas coisas, como, por exemplo, qual banheiro a criança usará, forçarão a pergunta.
A questão importante em jogo nesta controvérsia é a realidade objetiva do sexo. Aliás, somos o que nossos órgãos sexuais nos dizem que somos. Não porque sejamos genitalmente determinados, mas porque fomos criados por um Deus santo, cujos planos e propósitos para nós são, inescapavelmente, ligados ao nosso sexo.
O sexo não é meramente uma realidade que a sociedade inventou. Quando a Convenção Batista do Sul modificou sua confissão de fé, em 2000, acrescentou uma linguagem que definiu o sexo como "parte da bondade da criação de Deus".
Alguns observadores ficaram pensando no motivo pelo qual esta linguagem é importante. Agora você já sabe.
A ANS-TV e o website AZE divulgaram recentemente: no Central Clinical Hospital de Baku, capital do Azerbaijão, nasceu uma criança cujo sexo os médicos foram incapazes de identificar. O bebê veio ao mundo com 3,6 kg e 50 cm de comprimento.
Diferentemente do casal canadense, neste caso, a tecnologia de ultrassom nada adiantou. O exame indicou um bebê do sexo masculino. Durante o trabalho de parto, a equipe, em princípio, acreditou tratar-se de uma menina, mas, uma vez concluídos os procedimentos médicos, verificou-se que o sexo da criança era ou estava indeterminável.
Seher Ismailova, geneticista em Baku, disse que o fenômeno é extremamente raro e pode ocorrer uma vez em cada dois mil nascimentos. Nesses casos, a anomalia é removida por meio de cirurgia. Mas, nesse episódio específico, a questão é mais complicada.
A complicação é que não há anomalia a ser "removida" e muito menos corrigida. O bebê simplesmente não tem órgãos sexuais; ao menos, não externos ou visíveis. A reportagem nada informa sobre o órgão excretor de urina, dando a entender que não há problema nessa região.
Os médicos dizem que o bebê terá de passar por uma análise genética específica porque a descoberta do sexo somente poderá ser feita por meio de exame dos cromossomos.
AlbertMohler.com/Notícias Pró-Família.
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