Colaborador da Chamada da Meia Noite
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O primeiro cumprimento do Natal aconteceu há 2000 anos, quando Jesus nasceu na estrebaria em Belém. O segundo e principal Natal acontecerá quando Ele voltar e estabelecer o seu reino sobre toda a terra.
Esses dois acontecimentos, historicamente distintos, foram vistos pelos profetas como um só acontecimento.
Esse profeta previu o desenrolar cronológico do primeiro e do segundo Natal: "E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5.1).
Aqui Miqueias fala do primeiro Natal, que trouxe a salvação a todo o mundo, e que aconteceu em Belém. Mas, Jesus já reina em Israel? Não. Isso ainda está por acontecer. Antes, irá acontecer o que está escrito em Miqueias 5.3: "Portanto, os entregará até o tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel". Esse acontecimento se situa entre o primeiro Natal, que já aconteceu, e o segundo Natal, que ainda vai acontecer.
Israel foi deixado de lado, espalhado pelo mundo inteiro. Até quando? Até que chegou o tempo da sua restauração, até seu novo nascimento como nação, em 14 de maio de 1948. Desde então, os judeus voltam do mundo todo para Israel. E esse é o prólogo para o segundo e perfeito Natal: "Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do Senhor na majestade do nome do Senhor, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque agora será ele engrandecido até os confins da terra" (Mq 5.4). Aqui, vemos Israel e o mundo todo debaixo do seu domínio, e Ele habitará no meio de seu povo. E já que Deus, o Senhor, conduz de volta para casa os judeus de todo o mundo, a volta de seu Messias, o Senhor Jesus Cristo, deve estar próxima.
Assim como o primeiro Natal em Belém significou a salvação para as nações, o segundo Natal trará a salvação para Israel.
A profecia de Balaão também se refere a esse duplo cumprimento: "Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete" (Nm 24.17).
Com certeza, é esclarecedor o fato de Balaão ter visto duas coisas que apontam em direção ao Senhor Jesus: a estrela de Jacó e o cetro de Israel.
A "estrela que procederá de Jacó" é, segundo nosso entendimento, uma referência à primeira vinda de Jesus em Belém, quando veio às nações para nos trazer a salvação. Foi por isso que gentios, os sábios do Oriente (um símbolo das nações), viram a estrela e vieram a Belém: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (Mt 2.1,2,10,11). Aqui, o Salvador é descrito de maneira maravilhosa. Ele veio para nós, os gentios, para nos salvar, como "estrela de Jacó", pois a salvação vem dos judeus (Jo 4.22b).
O "cetro que subirá de Israel", que "ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete", é uma alusão ao segundo Natal: a volta do Messias Jesus Cristo para Israel. Pois, quando Ele voltar, destruirá todos os inimigos de Israel e regerá com cetro de ferro.
Reger as nações com cetro de ferro é mencionado em Apocalipse 12.5: "Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono".
"Nasceu-lhe, pois, um filho varão". Trata-se de mais uma alusão à primeira vinda de Jesus, ao primeiro Natal, quando Israel (assim como a mulher com uma coroa com doze estrelas, Ap 12.1) nos trouxe Jesus. Mas, o texto continua: "Há de reger as nações com cetro de ferro". Isso aponta para a volta de Jesus a Israel, em referência ao segundo Natal.
O Rei dos reis volta e leva Israel à salvação plena, prometida anteriormente por Ele próprio. Isso se expressa em uma bênção tripla que Balaão foi obrigado a proferir, há milhares de anos, sobre Israel:
a) "Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o Senhor não denunciou? Pois do cume das penhas vejo Israel, e dos outeiros o contemplo: eis que é povo que habita só, e não será reputado entre as nações" (Nm 23.8,9).
b) "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? ou, tendo falado, não o cumprirá? [...] Não viu iniquidade em Jacó, nem contemplou desventura em Israel; o Senhor seu Deus está com ele, no meio dele se ouvem aclamações ao seu Rei" (Nm 23.19,21).
c) "Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel! Como vales que se estendem, como jardins à beira dos rios, como árvores de sândalo que o Senhor plantou, como cedros junto às águas. Águas manarão de seus baldes, e as suas sementeiras terão águas abundantes; o seu rei se levantará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado. Deus tirou do Egito a Israel, cujas forças são como as do boi selvagem; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e, com as suas setas, os atravessará. Este abaixou-se, deitou-se como leão e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem" (Nm 24.5-9).
Foi o que o velho patriarca Jacó já havia previsto e profetizado em sua bênção sobre Judá: "O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; a ele obedecerão os povos" (Gn 49.10).
Siló ("herói") é o Messias vindouro, Jesus Cristo. Seu reinado, partindo de Judá, será tão grande que abrangerá o mundo todo. Assim, Israel, por meio dele, do herói, se tornará o maior entre as nações. Balaão já aludiu a isso quando disse, em sua primeira bênção: "Eis que é povo que habita só, e não será reputado entre as nações" (Nm 23.9b).
Não se pode comparar Israel com nenhuma outra nação da terra. Afinal, está escrito na Bíblia acerca da posição elevada que Israel ocupará um dia: "Para, assim, te exaltar em louvor, renome e glória sobre todas as nações que fez, e para que sejas o povo santo ao Senhor, teu Deus, como tem dito" (Dt 26.19).
O próprio Senhor, que segura o cetro, exercerá juízo sobre todos os que amaldiçoam a Israel (Cf. Mt 25.33). Por isso, Balaão disse em sua terceira bênção: "Deus tirou do Egito a Israel, cujas forças são como as do boi selvagem; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas setas os atravessará. Este abaixou-se, deitou-se como leão e como leoa: quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem" (Nm 24.8,9).
Moabe e Balaão tiveram de experimentar, na própria carne, o quanto Deus leva a sério esse assunto. Balaque, o rei moabita, queria mandar amaldiçoar Israel por intermédio de Balaão, mas não conseguiu. A respeito desse Moabe está escrito: "Nenhum amonita nem moabita entrará na assembleia do Senhor, nem ainda a sua décima geração entrará na assembleia do Senhor eternamente. Porquanto não foram ao vosso encontro com pão e água, no caminho, quando saíeis do Egito; e porque alugaram contra ti Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te amaldiçoar. Mas o Senhor, teu Deus, não quis ouvir a Balaão; antes, trocou em bênção a maldição, porquanto o Senhor, teu Deus, te amava. Não lhes procurarás nem paz nem bem em todos os teus dias, para sempre" (Dt 23.3-6).
Balaão, depois desses fatos, conseguiu seduzir Israel a praticar adultério e idolatria. Mas, de fato, Balaão sentiu no próprio corpo a maldição de Deus: "Também os filhos de Israel mataram à espada Balaão, filho de Beor, o adivinho, com outros mais que mataram" (Js 13.22).
Balaão, como instrumento do Senhor, antes disso, proferira, ele próprio, uma profecia e palavras de juízo sobre diversos povos, que eram inimigos de Israel: moabitas, edomitas, amalequitas e queneus (Nm 24.14-25). Esses povos simbolizam os últimos reinos mundiais gentios que avançam sobre Israel, mas serão julgados pelo Senhor quando Ele vier (Nm 24.7b,8b,14,17b). Nesse contexto, Agague (o rei de Amaleque) simboliza, profeticamente, o anticristo e os outros povos, todos os outros inimigos antissemitas.
Israel não podia ser amaldiçoado, graças à sua posição diante de Deus. E Balaão teve de abençoá-lo. Mas, o que Balaão tinha condições de fazer ele fez: seduziu Israel. Balaão disse a Balaque, rei de Moabe, mais ou menos o seguinte: "Não posso amaldiçoar Israel, mas podemos seduzi-lo. Dou a você o seguinte conselho...". É sobre esse conselho perverso que lemos em Números 31.16: "Eis que estas, por conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o Senhor, no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor".
Em Números 25.1-3 e 6-9, podemos ler a descrição muito vívida das consequências terríveis que Israel teve de carregar por ter-se deixado seduzir: "Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do Senhor se acendeu contra Israel. Eis que um homem dos filhos de Israel veio e trouxe a seus irmãos uma midianita perante os olhos de Moisés e de toda a congregação dos filhos de Israel, enquanto eles choravam diante da tenda da congregação. Vendo isso Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, o sacerdote, levantou-se do meio da congregação, e, pegando uma lança, foi após o homem israelita até o interior da tenda, e os atravessou, ao homem israelita e à mulher, ambos pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. Os que morreram da praga foram vinte e quatro mil".
Sobre esse episódio, queremos salientar dois pontos. A saber:
O primeiro deles é que existe algo bem pior para filhos de Deus do que demonismo, coisas diabólicas e feitiçaria. Trata-se da sedução. Como cristãos, não podemos mais ser amaldiçoados. A maldição e o feitiço não terão mais sucesso conosco, pois, por meio da nossa posição em Jesus Cristo diante de Deus, estamos perfeitamente santificados. Mas podemos ser seduzidos e podemos nos deixar seduzir, e, com isso, temos prejuízo e sofremos danos.
Um dos tipos de sedução é a prostituição. Em Números 25.1, lemos: "Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas". Existem tantas coisas que podem seduzir uma pessoa! Citemos apenas algumas: a leitura do livro errado, o programa de televisão errado, ouvir um CD errado, seguir por um caminho errado, permanecer em companhia errada.
Estamos falando, obviamente, da sedução à prostituição "espiritual". Tomemos apenas um único exemplo: amado leitor, Deus lhe mostrou um lugar específico e o incumbiu de executar ali uma tarefa específica. Mas, você fica olhando para outras coisas que são escolha sua e não de Deus. Quando você começa a olhar além dos limites impostos por Deus, não consegue realizar a tarefa que Deus lhe deu ou, pelo menos, não consegue realizá-la de maneira satisfatória.
Quais são as coisas que atrapalham você e que o impedem de ler a Bíblia ou de orar mais? Que convites você aceita fazendo com que fique afastado da íntima comunhão com Jesus? Na verdade, a quem você serve? O que o impede de frequentar regularmente os cultos e as reuniões de oração? São argumentos realmente sérios e plausíveis ou é apenas a indiferença de seu coração fazendo com que você seduza a si mesmo?
Em Números 25.3, está escrito: "Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do Senhor se acendeu contra Israel". E você, ajunta-se com quem? Seu coração se inclina para quê? Para coisas que o prejudicam, seduzem e o afastam do Senhor? O Novo Testamento se refere a essa história e diz, em 1Coríntios 10.8: "E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil".
O segundo ponto que queremos salientar é como o pecado é terrível aos olhos de Deus e como devemos lidar com ele. A esse respeito, leiamos, mais uma vez, a passagem de Números 25.6-8: "Eis que um homem dos filhos de Israel veio e trouxe a seus irmãos uma midianita perante os olhos de Moisés e de toda a congregação dos filhos de Israel, enquanto eles choravam diante da tenda da congregação. Vendo isso Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, o sacerdote, levantou-se do meio da congregação, e, pegando uma lança, foi após o homem israelita até o interior da tenda, e os atravessou, ao homem israelita e à mulher, a ambos pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel".
Essa atitude brutal e dura, humanamente falando, nos mostra o quanto Deus é santo e como o pecado é terrível para Ele. Por causa da prostituição e da idolatria, o Senhor teve de trazer uma terrível praga sobre o povo de Israel, que havia sido salvo, e, nesse juízo, morreram 24 mil pessoas. Depois disso, Israel se dirigiu à tenda da congregação, ao tabernáculo, reencontrando-se com Deus e derramando o sangue da expiação. Os israelitas se arrependeram e choraram diante do Senhor: "Enquanto eles choravam diante da tenda da congregação" (Nm 25.6b).
Mas, isso não bastava. A essa demonstração de arrependimento se somou a ação de Fineias, que foi radical com o pecado, pois traspassou o pecado com uma lança. Só a partir desse momento é que "a praga cessou de sobre os filhos de Israel" (Nm 25.8b). Separar-se do pecado pode ser muito doloroso. Sobre isso, um jovem do Congo disse, certa vez, a um missionário: "A Bíblia abre buracos no meu coração".
Sempre que pecamos, podemos nos reencontrar com Deus pelo sangue da reconciliação de Jesus Cristo, derramado na cruz do Calvário - existe perdão para nós! Mas, para isso, também é necessária uma ruptura radical com o pecado. Peça perdão ao Senhor - Deus tem prazer em nos perdoar. Mas, também, afaste de sua vida tudo aquilo que pode seduzi-lo ao pecado! Se você não fizer isso, será enredado sempre pelo mesmo pecado.
Lembre-se do que a Bíblia diz acerca dos que se tornaram crentes em Éfeso:
"Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários" (At 19.18,19).
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