A Igreja Católica descobriu quatro lugares no além: céu, inferno, purgatório e limbo. Restringiremos este comentário ao limbo, objeto do questionamento.
A palavra é oriunda do latim, limbus, cujo significado é "fronteira". Este lugar foi arquitetado por Roma, a fim de solucionar um problema teológico em que a Bíblia não se expressa abertamente: o destino eterno das crianças que morrem sem adquirir consciência de seus pecados. Segundo o catolicismo, o limbo seria a "fronteira do inferno", isto é, um lugar preparado para aqueles que não fazem jus ao céu, mas que também não merecem o inferno.
A grande maioria das pessoas que possui alguma noção conceitual deste lugar limita-se a relacioná-lo às crianças. O limbo seria, portanto, o destino das pobres crianças que morrem sem batismo e que, por isso, são classificadas pela igreja romana como pagãs. Entretanto, o entendimento católico deste lugar envolve algo além disso, pois, conforme tal interpretação, há pelo menos dois tipos de limbo:
Limbo dos pais: também designado limbus patrum, o que seria equivalente ao "Seio de Abraão" (Lc 16.22). Trata-se de um local no mundo dos mortos (hades) onde habitariam as almas dos justos do Antigo Testamento. Com a morte e ressurreição de Cristo, este local teria sido abolido, devido ao traslado das almas dali para o céu. De certa forma, esta idéia usufrui de algum amparo bíblico e encontra paralelo na interpretação evangélica (guardando as devidas proporções).
Limbo dos infantes: também designado limbus infantum. Além das crianças, esse lugar receberia a alma das pessoas mentalmente incompetentes para que possam decidir pela aceitação ou rejeição a Cristo. A idéia reclamada para justificar este local é a de que "almas excepcionais mereceriam lugares excepcionais como destino".
Jesus, por sua vez, menciona apenas dois caminhos, duas portas, dois fins (Mt 7.13,14; 25.34-46). Não há referências bíblicas além desses dois lugares depois da vida: céu e inferno. Nas línguas originais bíblicas, céu e inferno são chamados da seguinte maneira: Seol, Hades, Geena (Lc 16.19-31; 12.4-5). Devemos, no entanto, nos contentar com isso. Existem algumas correntes teológicas que se esforçam por explicar a fortuna das crianças que falecem antes da idade da razão, porém, esse assunto envolve muitas especulações e já não é alvo do questionamento aqui proposto. Para saber mais sobre o assunto, o leitor deve consultar a edição de nº 39 de Defesa da Fé, que traz a matéria intitulada "Inferno: é possível crer nesta doutrina em pleno século 21".
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