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Por que Apocalipse 7.4 menciona a tribo de Manassés no lugar da tribo de Dã?


No capítulo em apreço, o profeta João descreve um grupo seleto de 144 mil crentes divididos em doze grupos de doze mil. Há controvérsias em relação à melhor maneira de interpretar esse número: se devemos fazê-lo espiritualmente (figurativo) ou literalmente (este último, usufrui de maior número de apoiadores). A questão é que, independente disso, a lista realmente substitui a tribo de Dã, filho do relacionamento de Jacó com uma criada de Raquel, sua esposa legítima (Gn 30.6), pela tribo de Manassés, filho do relacionamento de José com uma egípcia. José era neto de Jacó (Gn 41.51). Os prováveis motivos para isso não estão diretamente declarados nas Escrituras, todavia, conhecendo-se um pouco da história de Dã, é possível tecer uma suposição razoável. Temos na Bíblia testemunho de que Dã associou-se a um dos pecados mais abomináveis: a idolatria, dando-nos a inferir que, por este motivo, teriam sido seus descendentes substituídos pelos de Manassés: "E os filhos de Dã levantaram para si aquela imagem de escultura; e Jônatas, filho de Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos foram sacerdotes da tribo dos danitas, até o dia do cativeiro da terra" (Jz 18.30). Uma outra hipótese foi aventada por Irineu, importante pai da igreja que viveu no final do segundo século, cuja proposição foi a de que o anticristo proviria dessa tribo (Contra heresias, v. 30.2), o que, aliás, já era cogitado em uma obra judaica pseudepígrafe (O testamento de Daniel 5.6). É possível que João tivesse consciência disso, embora esse fato em nada altere o valor de inspiração divina no texto em esclarecimento.


Por Elvis Brassaroto Aleixo

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