"Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros?".
Os bancos surgiram da necessidade de se guardar as moedas em lugar seguro. Uma informação importante é que "os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram na Inglaterra, e a palavra bank veio da italiana banco, peça de madeira que os comerciantes de valores, oriundos da Itália e estabelecidos em Londres, usavam para operar seus negócios no mercado público londrino".
Quando analisamos as palavras bíblicas, devemos considerar alguns fatos. Entre eles, o mais importante é observarmos a palavra no idioma original. As versões portuguesas interpretaram como "banco" o que a língua grega traz como "mesa". No original, o termo é trápeza. As palavras "banqueiros" e "banco", devem ser entendidas à luz do contexto sociológico da época, o que nos causa estranheza hoje, pois as instituições bancárias, na atualidade, são verdadeiros monumentos de multiforme processo financeiro.
Havia cobranças de juros, em caso de empréstimos no período veterotestamentário, aos que fossem estrangeiros (Dt 23.19,20). Contudo, nem todos os judeus consentiam no processo de empréstimo a juros na antiga nação judaica: "Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás do teu alimento por interesse" (Lv 25.37). Na verdade, os "verdadeiros bancos e negócios bancários foram estabelecidos em Israel somente após o exílio babilônico".
Em uma de suas parábolas, Jesus narra a parábola do "tesouro escondido", que trata de um homem que, ao encontrar um portentoso tesouro em um campo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele terreno, para depois tomar posse do tesouro (Mt 13.44).
Quem, no seu perfeito senso de responsabilidade, esconderia um tesouro, algo de inestimável valor, debaixo da terra? Devido às pilhagens, às guerras ou às incertezas políticas, os prósperos sempre procuravam ser precavidos. Os mais abastados financeiramente guardavam suas riquezas sob os cuidados de uma guarda, na "casa do tesouro" (2Rs 20.13). Os demais tinham de esconder seu tesouro em algum lugar, motivo pelo qual o homem da parábola em questão encontra o tesouro enterrado. Deve ficar entendido que havia o sistema "bancário" da época, no qual as pessoas investiam suas moedas e bens para que pudessem, mais tarde, usufruir os juros. Esse dado é importante para evidenciar a situação ainda precária do que é chamado na Bíblia de "banco" ou "banqueiros": "Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros" (Mt 25.27; Lc 19.23; Mt 25.27).
Champlin, comentando sobre esse texto, diz que havia um "antigo costume dos cambistas efetuarem seus comércios em público, diante de uma mesa onde o dinheiro era lançado. Esses cambistas negociavam o dinheiro em troca de uma taxa, e pagavam juros aos investidores". Portanto, nos dias de Jesus, esses cambistas é que eram considerados e chamados de "banqueiros".
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