Não há conflito na Trindade.
Torna-se necessário inicialmente compreender a natureza humana de Jesus Cristo. Lemos em Filipenses (2.6,7): que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Paulo destaca o contraste entre o primeiro Adão e o Segundo (Cristo). Adão, desejando ser como Deus (Gn 3.5), quis usurpar esse lugar através sua desobediência. Cristo, existindo em forma de Deus, em vez de explorar a sua posição, escolheu o caminho da humilhação, que o conduziu até à horrível morte de cruz, sendo, por isso, proclamado Senhor.
Ao humilhar-se na encarnação, foi plenamente homem, assim como é plenamente Deus. Compadeceu-se da humanidade. Tornando-se homem, teve uma natureza humana, a qual retém até hoje (1 Tm 2.5). A realidade dessa natureza tem confundido alguns, pois não compreendem como Deus Pai poderia saber algo que outra Pessoa da Trindade poderia desconhecer, se são oniscientes. Contudo, a questão aqui envolve mais do que simplesmente saber. O sentido do texto implica também autoridade, isto é, autoridade inerente em uma pessoa. Deus Pai tem autoridade para determinar os tempos, assim como Jesus tem a autoridade para perdoar pecados (Mt 9.6). Tais autoridades não são conflitantes devido à unidade na Trindade.
Em Mt 24.36 lemos: Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai. Podemos comparar essa declaração com outra em Atos 1.7: E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. O Senhor Jesus indica que o Pai estabeleceu a ocasião de sua vinda, Jesus portanto, aguarda sua palavra de ordem (1 Ts 4.16).
Entendemos que o Senhor Jesus Cristo seja verdadeiramente Deus, pois nele ha-bita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2.9). Nele habita plenamente os atri-butos de Deus, pois é Deus. Por outro lado, as Pessoas da Trindade, em relação ao tempo, desempenham papéis diferentes, porém em íntima comunhão. Sabemos que Jesus Cristo é o único Salvador, se bem que as Escrituras também chamem o Pai de Salvador (Is 43.3).
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