Espiritismo. Afirma que, depois da ressurreição, quando quis deixar a terra, Jesus não tornou a morrer. Seu corpo elevou-se, apagou-se e desapareceu, sem deixar vestígio algum. Com isso, conclui que Jesus, como qualquer pessoa, teve um corpo carnal e um corpo fluídico.
Testemunhas de Jeová. Negam a ressurreição corporal de Jesus, declarando que o fato de Tomé ter colocado a mão no orifício ao lado de Jesus não mostra que Jesus ressuscitou no mesmo corpo com que foi pregado na “estaca”. Em sua concepção, Jesus simplesmente se materializou ou assumiu um corpo carnal e, para convencer Tomé sobre quem era, Jesus, naquele momento específico, usou um corpo com marcas de ferimento.
Ciência Cristã. Ensina que Jesus usou as crenças de sua época para transmitir verdades espirituais aos discípulos. Como a morte não existe, tampouco houve uma ressurreição corporal.
Resposta apologética: Se Jesus não ressuscitou fisicamente, não há salvação (Rm 10.9). Sua ressurreição é o centro do evangelho pelo qual somos salvos (1Co 15.1-5). O apóstolo Paulo listou uma série de conseqüências relacionadas à negação da ressurreição física. Se Cristo não ressuscitou, então: nossa fé é inútil; nós ainda permanecemos em nossos pecados; os que dormiram em Cristo estão perdidos; os apóstolos são falsas testemunhas; e somos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15.14-19). Além dessas conseqüências, resultantes da negação literal da ressurreição, há outros problemas teológicos cruciais:
1) O problema da criação. Deus criou o universo material (Gn 1.1) e tudo o que criou “era muito bom” (v. 31). O pecado, porém, trouxe a morte (separação) e deteriorou a criação de Deus (Rm 5.12). Além disso, por causa do pecado do homem, “a criação ficou sujeita à vaidade [inutilidade] (Rm 8.20). Assim, a criação tem gemido e esperado pela libertação da servidão da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8.21). Igualmente, nós, os crentes, “esperamos avidamente pela nossa adoção como filhos, a redenção de nossos corpos. Porque nesta esperança somos salvos” (Rm 8.23,24). Considerando que a criação material de Deus caiu, ficou claro que, para que a redenção fosse efetivada, esta criação teria de ser restabelecida. Os humanos pecam e morrem em corpos materiais e devem ser resgatados nos mesmos corpos físicos. Qualquer outro tipo de libertação seria uma admissão de derrota. Por causa da queda do homem, toda a criação de Deus foi entregue à decadência para a recriação de um novo céu e uma nova terra (Ap 21.1-4). Se a redenção não restabelecer a criação física de Deus, incluindo nossos corpos materiais, então o propósito original de Deus, criando um mundo material, teria sido frustrado.
2) O problema da encarnação. A negação de que Cristo veio ao mundo em carne humana é chamado de docetismo. Conseqüentemente, a negação de que Cristo ressuscitou em carne humana é uma espécie de neodocetismo. O docetismo foi o termo usado para designar uma seita que surgiu do gnosticismo. O apóstolo João escreveu sua epístola advertindo a igreja contra aqueles que negavam que Jesus Cristo veio em carne (1Jo 4.2). Tal declaração joanina insinua que Jesus veio em carne no passado e permanecia na carne quando o apóstolo escreveu estas palavras, após a ressurreição. Na passagem paralela, o apóstolo novamente adverte contra aqueles “que não confessam que Jesus Cristo veio em carne” (2Jo 7). Isto esclarece que João considerava um erro doutrinário negar a carne de Cristo, tanto antes como depois de sua ressurreição. A razão é óbvia: a carne humana faz parte da nossa verdadeira natureza humana criada por Deus. Conseqüentemente, negar que Cristo ressuscitou em carne humana é privá-lo da plenitude de sua natureza humana.
3) O problema da salvação. Como a morte foi o resultado do pecado, e envolve diretamente o corpo material, o corpo que é ressuscitado deve ser material, para que ocorra uma vitória real sobre a morte. Fracassar na confissão de que Cristo ressuscitou em um corpo material lança por terra todo o evangelho de Cristo. A ressurreição de Cristo foi e a ressurreição dos cristãos também será física em sua natureza. Um desvio nesta confissão representa a aniquilação dos propósitos redentivos de Deus para com a raça humana.
4) O problema da decepção. Também existe um grave problema moral. Alguns reivindicam os aparecimentos de Cristo como meras “materializações” realizadas com o fim de convencer os discípulos da realidade de sua ressurreição, mas não exatamente sua materialidade. Mas o que o próprio Jesus disse?. Vejamos: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Jesus desafiou Tomé a tocar em suas cicatrizes e a “deixar de ser incrédulo e ser crente” (Jo 20.27). Dada a correlação e conseqüente identidade das cicatrizes com o corpo antes da ressurreição, a única impressão que estas palavras poderiam causar na mente dos discípulos era de que Jesus obviamente estava reivindicando ter literalmente ressuscitado no mesmo corpo em que morreu, um corpo material, tangível, palpável. Ou cremos desta forma ou somos impelidos a dizer que Jesus enganou descaradamente seus seguidores. Qual alternativa se harmoniza com o evangelho?
5) O problema da imortalidade. A negação da natureza material do corpo da ressurreição é fatal para a crença cristã da imortalidade. Ao contrário dos gregos antigos, os cristãos acreditam que a verdadeira imortalidade envolve a pessoa inteira, inclusive seu corpo, ou seja, não se trata somente da continuidade da existência da alma. Mas se Cristo não ressuscitou no mesmo corpo físico em que morreu, então não temos nenhuma esperança real de que atingiremos a verdadeira (plena) imortalidade. Paulo declarou que “Jesus Cristo aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (2Tm 1.10). É tão-somente pela vitória de Cristo sobre a morte física que os crentes podem proclamar: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1Co 15.55). Caso contrário, retomando as palavras de Paulo: “Os que dormiram em Cristo estão perdidos” (1Co 15.18).
6) O problema da verificação. Uma ressurreição imaterial não possui nenhum valor comprobatório. Se Cristo não ressurgiu no mesmo corpo material que foi encerrado na tumba, então a ressurreição perde totalmente o seu valor como uma evidência para a reivindicação de sua divindade. Entretanto, vemos nos evangelhos que Jesus freqüentemente apontou para sua ressurreição como sendo uma prova cabal de suas reivindicações (Jo 2.19-22; 10.18). Em uma dessas ocasiões, Jesus indicou a ressurreição como um sinal inigualável de sua identidade, e declarou que “nenhum outro sinal seria dado àquela geração má e incrédula” (Mt 12.39,40). Os apóstolos também apresentaram os aparecimentos da ressurreição de Jesus como sendo “muitas provas convincentes” (At 1.3). Empregaram o fato da ressurreição inúmeras vezes como um dos principais fundamentos da pregação ousada e destemida a que se empenhavam (At 2.22-36; 4.2,10; 13.32-41; 17.1-4,22-31). Paulo discursou aos filósofos gregos sobre um dia determinado “em que com justiça [Deus] há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.31). Há uma razão primordial para a conexão entre o fato da ressurreição física e a verdade do cristianismo: não há nenhuma evidência real capaz de diferenciar entre uma ressurreição imaterial e uma não-ressurreição. Como poderíamos provar a ressurreição de Jesus se ela fosse apenas espiritual? Um corpo imaterial não tem nenhuma conexão verificável com um corpo material. O único modo objetivo pelo qual o mundo poderia saber que Cristo ressuscitou era pela ressurreição material (da carne) do corpo no qual Ele morreu e é isso o que o texto declara: “Ele não está mais no túmulo”.
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