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O Senhor me possuiu (Provérbios 8.22-31)


Testemunhas de Jeová. Afirmam que, nestes versículos, a pessoa indicada como “sabedoria” é Jesus — por ser muito especial, criado antes de todas as demais criaturas, desfruta de uma comunhão ímpar com Jeová.

Resposta apologética: Esta passagem tem sido alvo daqueles que advogam e refutam a deidade de Cristo. Uma visão mais atenta do contexto e da natureza poética deste livro comprova que não há referência a qualquer pessoa. A literatura poética freqüentemente fala de uma idéia abstrata como se fosse uma pessoa. A personificação é um recurso comum na literatura de sabedoria hebraica.

O primeiro capítulo deste livro personifica a sabedoria, já o capítulo oito, a prudência. Além disso, seus capítulos iniciais personificam a sabedoria como uma mulher que chora fora nas ruas (1.20,21). É digno de nota que nenhum escritor do Novo Testamento aplicou o capítulo oito a Jesus Cristo. Deve-se entender que a sabedoria é tão eterna quanto o próprio Deus, que é a fonte de toda a sabedoria. Neste sentido, ela não foi criada, mas serviu como instrumento divino para realizar a criação.

Alguns comentaristas têm visto um paralelo entre Jesus e a sabedoria (1Co 1.24; Cl 2.3). Mesmo neste caso, a passagem pode se referir a Jesus no sentido comum. Uma vez que a sabedoria é tão eterna quanto Deus, não podemos entender que fora criada, embora sua manifestação seja evidenciada na criação. E é exatamente isso que a palavra hebraica quer dizer aqui. A sabedoria foi manifestada por meio de sua função na criação (Cf. 3.19).

O capítulo em análise originou uma polêmica por volta do ano 320 A.D., quando Ário, de Alexandria, examinando o versículo 22 no texto grego da Septuaginta (que usa a expressão “O Senhor me criou”), concluiu que Jesus era uma criatura, negando a doutrina bíblica da Trindade. Na Bíblia hebraica, porém, a palavra não significa “criou”, mas “possuiu”.

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