Catolicismo Romano. Usa o texto em referência para fundamentar a doutrina que ensina sobre o purgatório. Diz que, assim como a morte do filho de Davi (fruto do adultério) veio como conseqüência de seu pecado (embora o Senhor tivesse perdoado Davi), aos homens também (mesmo depois de alcançarem o perdão divino por seus erros) sobram conseqüências para a outra vida.
Resposta apologética: Verdadeiramente, a morte do menino veio como conseqüência do erro de Davi, mas isso não significa, em hipótese alguma, que sobram “seqüelas de pecado”, que devem ser “purgados” após a morte. A exemplificação é pobre e descabida. As conseqüências advindas dos nossos pecados (adultérios, roubos, vícios e demais corrupções) são atribuídas no plano terreno e não no espiritual. Mas, uma vez que o homem tenha granjeado o perdão divino, fica isento da culpa, como prova o texto de Jeremias 31.34, que diz: “Porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”.
Ceticismo. Defronta este versículo com Deuteronômio 24.16 para afirmar que há contradição bíblica, por entender que, no texto de Moisés, os pais não pagam pelos erros dos filhos, e vice-versa, e, aqui, Deus estaria dizendo que “cobraria” dos filhos os pecados dos pais.
Resposta apologética: Antes de tudo, devemos estar cientes de que as normas traçadas em Deuteronômio se referem aos preceitos legais que deveriam ser aplicados por Israel assim que o povo se estabelecesse na terra prometida. Estes preceitos diziam respeito à proibição de se aplicar aos filhos a punição por erros cometidos pelos pais, desde que os filhos não tivessem efetivamente se comprometido com os erros dos pais. Tal restrição, no entanto, fora inserida na lei para limitar a autoridade dos julgadores humanos e não para impor limites ao próprio Deus quanto ao exercício de sua justiça.
Para o caso de Davi, é importante observar que os céticos distorcem a exegese textual, afirmando que o filho de Davi fora punido com a morte pelo pecado do pai, o que é uma inverdade. Na verdade, Davi, o pai da criança, é que fora punido com a morte do menino: “O filho que te nasceu certamente morrerá”.
Para que não enxerguemos “excessos” na ação divina que puniu Davi com a morte do filho recém-nascido, devemos ter em mente o seguinte:
a) Diante da soberania divina e da propriedade de Deus sobre tudo o que existe e respira (Sl 24.1), o Senhor tem todo o direito de proceder da maneira que melhor lhe apraz.
b) Com relação à criança, a Bíblia explicita que lhe estava garantida a eternidade celeste e, filosoficamente falando, poderia reconhecer em sua morte um benefício, por não ter de experimentar as agruras que os homens enfrentam em vida. (Mt 19.14).
Por fim, o contexto da referência em estudo prova que o próprio Davi era motivado pela fé no que tange ao falecimento da criança, por estar ciente de que ela estava com Deus.
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