Mormonismo. Lança mão deste texto para justificar sua doutrina de pluralidade de deuses, ou politeísmo.
Resposta apologética: O contexto mostra que certos judeus pegaram em pedras para atirar em Jesus, pois admitiram que o Senhor havia blasfemado: “Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (v. 33). A resposta de Jesus pode ser vista nos versículos 35 e 36. Longe de justificar essa doutrina, Jesus estava, na verdade, fazendo uma comparação, contrastando a si próprio com os falsos deuses do Salmo 82, texto com o qual os judeus estavam familiarizados. A expressão “vós sois deuses” é uma ironia, em virtude das maldades, injustiças e impiedades desses juízes. No versículo 1o, são chamados de poderosos e deuses, e Deus está julgando no meio deles. Os versículos de 2 a 5 trazem as características desses deuses ou juízes malévolos. Tais deuses, porém, são divindades falsas, porque o texto está-se referindo aos juízes injustos.
Se tais juízes perversos eram chamados de elohim (deuses) nas próprias escrituras judaicas, e os judeus aceitavam essa condição com naturalidade, quanto mais Jesus, o Filho de Deus. Foi justamente esse argumento que Jesus em defesa de sua própria deidade. Jesus, que foi enviado pelo Pai, estava, agora, na iminência de ser apedrejado pelos judeus porque se declarou igual a Deus. De forma alguma, a passagem em estudo abona a crença em vários deuses.
Islamismo. Cita este versículo para afirmar que a declaração de Jesus, de ser Filho de Deus, foi no sentido metafórico. E, ainda, que a filiação de Jesus era semelhante à dos demais homens, como, por exemplo, Adão, Israel, Davi e Salomão.
Resposta apologética: Se a afirmação de Jesus fosse apenas metafórica, então não haveria razão para que os judeus tentassem apedrejá-lo. Jesus não é Filho de Deus por criação ou adoção, como os demais homens. Antes, é o monogenes do Pai (3.16), o único da natureza do Pai, o seu Filho amado (Mt 3.17). O verbo que se fez carne (1.14). Jesus é o Filho de Deus pelo direito eterno de herança (Cl 1.15). Os homens são filhos de Deus por adoção (Rm 8.15). Enquanto procedemos de Deus, feitos à sua imagem (Gn 1.27), o Senhor Jesus possui a mesma essência do Pai (1.1; 10.30).
Não é só o Novo Testamento que ensina que Jesus é o Filho de Deus, o Antigo Testamento também afirma isso categoricamente ao profetizar a respeito do Messias que haveria de vir: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel [Deus conosco]” (Is 7.14). “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu [...] e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). Outras referências a respeito: Salmo 2.7 e 2.12. Cristo trazia em si as naturezas divina e humana. Sua aparência e necessidades eram totalmente humanas. Tinha de comer, beber, dormir. Sentia dores e tristeza, e demonstrou alegria. Como homem, sentiu, também, necessidade de orar. Mas foi a sua natureza divina que o capacitou a alimentar cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixinhos, a curar os leprosos, os aleijados, os paralíticos e os cegos, a acalmar a tempestade, a perdoar pecados, a andar sobre as águas e a ressuscitar os mortos.
Para nós, cristãos, que cremos na Palavra de Deus, o testemunho do Pai é superior ao de qualquer religião ou pensamento racional humano: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17; 17.5; Mc 1.11; 9.7; Lc 3.22; 9.35; 2Pe 1.17). Assim, como podemos constatar, o versículo em estudo alude exclusivamente aos homens e não ao Filho de Deus. Quando a Bíblia deseja mencionar Jesus como Filho de Deus, é clara ao fazê-lo: “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” (Hb 1.5). Até os demônios reconhecem que Jesus é o Filho do Deus vivo! (Mc 1.23,24). Logo, Jesus é de fato o Filho de Deus, da mesma essência do Pai. É Deus de Deus, Luz da Luz, Palavra da Palavra, Verdade da Verdade.
O evangelista João declara: “Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor” (2Jo 1.3). Esse texto foi escrito cerca de quinhentos anos antes do Islã. Finalmente, as próprias palavras do Senhor Jesus declaram sua filiação: “És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus disse-lhes: Eu o sou” (Mc 14.61,62).
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