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    Grécia - Mais uma vez, o "palco" do mundo

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A Grécia foi um dos primeiros países a ser cristianizado, mas, atualmente, ocupa o 62º lugar na relação de cristãos perseguidos por causa do evangelho


Por Fernando Augusto Bento

Dia 13 de agosto, as lentes de milhares de câmeras estarão voltadas para a Grécia, especificamente Atenas, sede dos Jogos Olímpicos de 2004. Veremos recordes serem quebrados e o surgimento de novos ícones do esporte.

Mais uma vez, o país será o "palco" do mundo, tal como ocorreu nos primórdios de sua civilização, quando enriqueceu a história da humanidade com sua sabedoria, oferecendo-nos a filosofia e o livre pensamento democrático. Sua influência intelectual é visível até os dias de hoje, pois a sociedade moderna ainda estuda seus filósofos e deles tiram lições para conceber uma comunidade melhor.

No entanto, por ser um dos primeiros países a ser cristianizado, tem poucos cristãos genuínos, praticantes. Aqueles que participam da igreja ortodoxa grega, protegida pelo Estado, são nominalistas. Em verdade, muitos gregos nunca assistiram a um culto evangélico.

Com o início da Olimpíada, a Grécia entra em cena novamente depois de mais cem anos do começo dos jogos modernos. De lá para cá, muita coisa aconteceu nesse país que mudou muito, principalmente no contexto urbano. Hoje, por exemplo, cerca de 66% da população vive nas cidades. Ao fazer parte da União Européia, houve um excepcional crescimento do turismo e da indústria. Sua frota de navios mercantes é a maior do velho continente. Seus monumentos antigos e sua história, que transformou o mundo, são responsáveis pela presença dos milagres de turistas que visitam o país.

Os gregos, por conta dos Jogos Olímpicos, estão trabalhando dia e noite para deixar a "casa" arrumada. Existe um clima de euforia nas ruas de Atenas. Tiveram sete anos para se preparar para esse evento, mas parece que resolveram dar início às obras apenas no último ano. O trânsito, que já era complicado, está ainda mais caótico, devido às reformas e construções por todos os lados.

Preocupados com o clima de terrorismo que se instalou no mundo desde os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York, estão tratando da segurança nacional e dos participantes como se fosse sua "menina dos olhos". O fato ocorrido na estação de Madri, em março deste ano, ajudou a elevar ainda mais sua preocupação com os cuidados envolvendo a segurança, que estará plenamente voltada às delegações judaicas, americanas e inglesas que, ao que parece, são os alvos principais do terrorismo que anda assombrando o mundo.


Raios X cultural e social


O livro de Atos dos Apóstolos relata que os gregos foram uns dos primeiros povos a receber o evangelho, depois de Israel. Prova disso é que o Novo Testamento foi escrito em grego.

A origem da elaboração do estudo científico e filosófico teve seu começo na Grécia, com Sócrates, Aristóteles e Platão. Por meio deles, podemos perceber que seus tratados foram um passo substancial, o carro-chefe, por assim dizer, para que pudéssemos estar vivendo, agora, a era moderna de globalização. Na verdade, todas as nações modernas devem muito aos gregos, pois a forma governamental democrática em que a maioria dos países incorpora surgiu na Grécia.

Os gregos são um povo extremamente amistoso e simpático. Estão sempre reunidos em praças públicas, pondo em prática a tradicional confraternização. Tal como os brasileiros, gostam muito de café. Fizeram dessa bebida um hábito. Seja forte, à maneira árabe, ou gelado, quando sob o intenso calor de um forte verão, ou, ainda, como um frappé, batido puro, com leite, licor ou sorvete de creme, vem sempre acompanhado de um copo de água. Com o cafezinho na mesa, ficam horas conversando ou jogando gamão. Seu assunto predileto é política, mas, ultimamente (cremos assim), não devem deixar de comentar sobre os Jogos Olímpicos e os benefícios econômicos que o país obterá por ocasião da Olimpíada.

As mulheres também têm o direito de participar dos assuntos públicos, mas poucas se interessam por isto. Hoje, a maioria dos jovens deixou as antigas tradições. Antigamente, ou melhor, cerca de vinte anos atrás, para casar uma filha, o pai tinha de dar um dote (certa quantia em dinheiro ou uma propriedade) à família do noivo. Era costume os filhos ajudarem o pai a adquirir esse dote. Isso porque eles só podiam contrair matrimônio depois que todas as irmãs já estivessem casadas. Mas tudo isso se perdeu no passado, porque os jovens de hoje acham bobagem essas heranças culturais.

As festas populares são importantes na vida do país. A principal delas é a Páscoa, quando, no Sábado de Aleluia, depois da meia-noite, soltam fogos de artifício e, no banquete, comem um saboroso carneiro, cuja carne é a base da culinária grega, além de toda espécie de frutos do mar.

O azeite de oliva não pode faltar à mesa, é utilizado tanto para preparar a comida como nas refeições já prontas. Os pratos mais populares são: soupa avgolemono (sopa de galinha com limão), dolmathes (arroz e carne moída enroladas em folhas de videiras) e moussaka (carne no espeto, geralmente com cebola e tomate). Apreciam também o feta (queijo de ovelha ou de cabra).

Uma informação triste: cerca de 300 mil jovens gregos, entre 15 e 30 anos, são viciados em drogas. Esse número vem aumentando a cada ano. Outro fator de preocupação do governo é a constante migração de gregos para outros locais da Europa. Pesquisas dão conta de que já somam 5 milhões espalhados por 88 países.


O orgulho grego


A arquitetura antiga da Grécia é uns dos orgulhos nacionais. Pode ser vista nos principais sítios arqueológicos do país. Estamos falando das seguintes obras: Delfos ("o umbigo do mundo"), Epidauro, Micenas e Argos. Outras obras antigas encontram-se no museu nacional e em Acrópole.

A marca da cultura helênica ainda continua viva na educação nacionalista dos gregos. Sem dúvida, o maior orgulho nacional é o Acrópole de Atenas e o templo da deusa Atena, o Partenon.

Quase todas as cidades tinham um Acrópole, que era o centro religioso e defensivo. Todavia, só o de Atenas entrou para a história.

O Delfos ficou famoso por seu oráculo, onde reis de todo o mundo viajavam até lá para fazer pedidos no templo do deus Apolo, deus do Sol, na mitologia grega. Conta a lenda que, depois ler a inscrição "conheça a ti mesmo", no templo de Apolo, Sócrates mudou o rumo de sua vida, tornando-se o maior filósofo de todos os tempos. Agora, o impressionante é deslumbrar a paisagem de Meteora, um conjunto de montanhas ao Norte da Grécia, em Tessália. Foi do alto dessas rochas que, em 1334, o monge Atanásio se refugiou e liderou um grupo de religioso que fugia das guerras em Tessália.

Na ilha de Creta, a riqueza arquitetônica também se faz presente. Trata-se do palácio Knossos. Essa descoberta trouxe à tona a lenda do minotauro, figura mitológica com corpo de homem e cabeça de touro.

A cidade de Olímpia, localizada ao Sul do país, é a origem dos Jogos Olímpicos antigos. Foi de lá que iniciaram as primeiras competições esportivas, a partir de 776 a.C., com duração de cinco dias. Objetivo: homenagear Zeus, o principal deus da mitologia grega.


A Grécia esqueceu Jesus


A fé na igreja ortodoxa grega é professada pela maioria dos cidadãos de lá, porém, isso não deixa de ser mera formalidade do Estado, porque, segundo estatísticas das principais agências missionárias, somente 2% da população freqüenta as igrejas aos domingos.

Por que na igreja ortodoxa é tão forte na Grécia? Por causa do domínio turco, que durou quatro séculos. De lá para cá, restou a herança desse domínio que faz que a maioria do povo grego se considere ortodoxa. Mas, na verdade, são apenas dados que, na prática, não valem muito. Os gregos, hoje, desfrutam do mesmo quadro porcentual do restante da Europa, ou seja, não são tão religiosos, já que o cristianismo se tornou mais cultural do que espiritual. Portanto, toda e qualquer ramificação da religião cristã que não for da igreja ortodoxa é vista como uma ameaça ao Estado e à cultura.

A perseguição se tornou uma prática constante. Principalmente aos evangélicos, aos pentecostais e aos adeptos das seitas pseudocristãs, como mórmons e testemunhas-de-jeová. As leis da Constituição grega não são neutras a respeitos da liberdade religiosa, por isso muitos evangélicos e demais seitas são processados pelos líderes ortodoxos, acusados de proselitismo.

Dados atuais indicam que a massa de evangélicos na Grécia é quase imperceptível, e esses evangélicos muitas vezes não podem falar do verdadeiro amor de Deus, porque a rejeição já se tornou cultural em toda a sociedade helênica. A única solução para esse problema seria a prática real de liberdade religiosa, o que implicaria em uma séria mudança na Constituição do país.

"A Grécia sofre muito por ser tradicionalista em sua postura religiosa. Apesar da marca do cristianismo em sua cultura e construções, na verdade, apostataram, estão cegos, não sabem definir o que é cultural e o que é espiritual", disse um missionário que não pode dar seu nome por causa das restrições.

As dificuldades para se levar o evangelho tem sido uma grande barreira. Falta treinamento e conhecimento teológico. Parece brincadeira, mas é a mais pura verdade! Em todo o território grego não existem cem alunos evangélicos estudando teologia. O passado grandioso da igreja cristã grega ficou na história. Alguns gregos vêem Jesus Cristo apenas como um revolucionário que morreu por uma minoria na Palestina. E, por questão geográfica, seus discípulos escolheram a Grécia para propagar seus ensinos, no começo da Era cristã.

Devemos orar e clamar por esse povo carente de Deus. A tradição história e filosófica que contribuiu para o crescimento dos gregos não significa nada. Foi justamente isso que o maior apóstolo de Jesus, Paulo, disse. Segundo suas palavras, todo o conhecimento intelectual que possuía não era nada comparado à obra sacrifical e redentora de Jesus Cristo no calvário!

Oremos para que a Grécia perceba isso e encontre o único caminho para a felicidade eterna, a única verdade para o homem e a única razão de vida para a humanidade.

Desde já, oremos também para que nesta Olimpíada não haja destruição humana, com atentados terroristas. Que seja uma celebração de paz e uma ótima oportunidade para os missionários de plantão levarem a verdade para milhares de pessoas que estarão por lá.

Deus abençoe os gregos!


Curiosidades


A influência grega foi tão grande no mundo que a escrita que utilizamos tem sua origem na junção das duas primeiras letras gregas, alfa e beta, formando o nome do nosso abecedário, ou seja, do nosso alfabeto.


Crenças dos gregos


89,86 % cristãos ortodoxos

4,8 % outras religiões

3,30 % ateus ou sem religião

1,50 % muçulmanos

0,49 % evangélicos

0,05 % judaica

Principais fatos históricos da civilização grega

776 a.C - começam a ocorrer competições que duravam cinco dias e se repetiam a cada quatro anos, em homenagem a Zeus, deus supremo da mitologia grega.

500 a.C - o império grego chega ao seu apogeu tendo Atenas como umas das principais cidades-estado da região.

400 a.C - as cidades gregas, divididas pela rivalidade, são dominadas por Felipe II, da Macedônia.

146 a.C - a região grega se transforma em província do império romano.

500 - com a queda do império romano, a Grécia integra o império bizantino.

1500 - o império turco-otomano conquista a Grécia.

1821 e 1822 - os gregos se rebelam contra os turcos.

1832 - os gregos alcançam a independência. Um novo reino é estabelecido.

1896 - início dos jogos modernos em Atenas, idealizado pelo barão Pierre de Coubertin.

1910 - o general Eleutherius Venizelos dá o golpe de Estado e se torna primeiro-ministro.

1913 - a Turquia é derrotada na guerra balcânica.

1917 - a Grécia entra na Primeira Guerra Mundial com seus aliados.

1924 a 1936 - o general Eleutherius Venizelos renuncia. A Grécia tem um breve período de regime republicano.

1941 - durante a Segunda Guerra Mundial o território grego é ocupado pelos alemães.

1944 - com a ajuda de guerrilheiros e soviéticos, os alemães são expulsos dos Bálcãs.

1949 - a monarquia derrota o comunismo, partido patrocinado pela ex-união soviética.

1955 - o país passa a ter uma ditadura militar. Acirra-se a briga entre o partido conservador e o partido Pan - helênico.

1967 - uma nova ditadura é estabelecida com o apoio de coronéis. Surge, novamente, a monarquia, sendo abolida em seguida.

1981 - a Grécia entra para a Comunidade Econômica Européia.

1995 - nova crise com a Turquia. Aviões turcos invadem o espaço aéreo grego.

1997 - a Grécia é escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2004.

1998 - protestos da população marcam este ano, por restrições à moeda européia, o euro.

1999 - os efeitos de um terremoto contribuem para que haja uma reaproximação entre a Turquia e a Grécia, sendo que a Grécia teve 143 vítimas fatais e cerca de 100 mil desabrigados.

2000 - o parlamento reelege o presidente Constantinos Stefanopoulos.

2003 - dezenas de milhares de pessoa saem às ruas, em Atenas, para protestar contra a invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

2004 - a Grécia se prepara para ser palco do maior evento esportivo do mundo: a Olimpíada.


Quer saber mais sobre a Grécia?

Almanaque Abril edição 2004

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Agência JOCUM

www.jocum.org.br

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