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    Suécia - País do luteranismo e do secularismo

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Por Gilson Barbosa

O leitor já pensou na possibilidade da existência de um país que fosse modelo para os outros países? Um país que tratasse seus cidadãos (jovens, crianças, mulheres e anciãos) com dignidade e respeito? Um país que não cultivasse as guerras e as revoluções? Um país que contribuísse para algum tipo de reconhecimento internacional toda vez que um ser humano realizasse intentos que beneficiassem a sociedade global? Pois é, esse país existe e se chama Suécia.

A Suécia é um país da Escandinávia (Europa), limitado a Oeste e Norte pela Noruega, a Leste pela Finlândia e pelo Golfo de Bótnia, a Leste e Sul pelo Mar Báltico e a Oeste pelo estreito de Kattegat, que o separa da Dinamarca. Seu nome oficial é Konungariket Sverige (Reino da Suécia) e sua maior cidade e capital é Estolcomo (Stockholm, com quase dois milhões de habitantes), localizada no Mar Báltico, costa oriental do país.


História sueca


A Enciclopédia Britânica nos diz que "os ancestrais dos atuais suecos habitavam o país há pelo menos 5 mil anos" e que "a falta de registros históricos impossibilita a determinação do longo processo de sua expansão". Nesse período, a região foi ocupada por tribos que subsistiam da caça e da pesca e utilizavam rudimentares ferramentas de pedras.

A forte expansão na região ocorreria na era denominada Viking (entre os séculos 9o e 11 d.C.). A região Leste se estendeu, com incursões que misturavam pilhagens e expedições comerciais, ao longo das regiões costeiras do Báltico e dos rios nas cercanias. Nessas incursões, os vikings suecos chegaram até as regiões dos mares Cáspio e Negro, estabelecendo relações comerciais com os impérios árabes e bizantinos. Simultaneamente, por volta do século 11 d.C., missões cristãs - inglesas e alemãs - aportaram na Suécia substituindo o antigo paganismo e a mitologia nórdica. Nos séculos 12 e 13 d.C., as expansões territoriais continuaram a Leste da região e a Finlândia foi incorporada à Suécia depois de várias batalhas.

Os territórios então conquistados se organizaram como unidades independentes. Contudo, duas dinastias - Sverker e Erick - lutariam para centralizar o poder, alternando o comando real entre 1160 e 1250. Ainda assim, cada território seguia, como unidades administrativas, com seus próprios tribunais, juízes e leis. Essa situação começou a mudar na segunda metade do século 13, quando a figura do rei conquistou maior influência, fortalezas foram construídas, a administração passou a ser provincial e o poder passou a ter características centrais com a aplicação de leis vigentes em todo o império. O sistema, constituído de categorias, começou a surgir no reinado de Magnus Ladulas. Pode, ainda, ser observado nesse período uma organização conforme o modelo feudal, composta de aristocratas, nobres, eclesiásticos, leigos, etc. Nessa época, as leis deixaram de ser territoriais e passaram a ter validade nacional (império).

Em 1389, por herança, e pelas relações entre as linhagens reais, a rainha Margaret - herdeira do trono dinamarquês - se tornou regente da Dinamarca, Noruega e Suécia. Em 1397, a rainha Margaret nomeou, como seu sucessor, Erick (Pomerânia) e, por meio de um decreto, conhecido como União de Kalmar, os três países escandinavos: Suécia, Noruega e Dinamarca, submeteram-se a apenas um soberano, tornando-se, assim, uma monarquia absoluta centralizada. Com esse decreto, estava consolidada a intenção de manutenção da unidade nacional da Suécia. Mas o que se viu, entre 1937 e 1521, foram períodos intensos de lutas pelo poder central, representado pelo rei e pela nobreza, e também conflitos envolvendo cidadãos e camponeses rebeldes.

Nesse afã de manter a unidade nacional e os interesses econômicos, com graves momentos de crises internas, o rei Cristiano II começou seu governo com um massacre de personalidades suecas na praça central de Estolcomo. Deposto Cristiano II, um nobre sueco, Gustavo Vasa, foi empossado, em 1523, rei da Suécia. Durante o seu reinado (1523-1560), ocorreu a união da Igreja ao Estado, as bases do Estado nacional sueco foram assentadas e a Reforma Protestante foi possível.


A Reforma Protestante na Suécia


A Suécia é praticamente um país protestante, de origem luterana. Contudo, como tem acontecido na Europa em geral, o país está se qualificando aos poucos como secularizado e a prática da fé protestante declina intensamente. A essência do temor a Deus, fruto do labor luterano, que outrora havia (até final do século 19), amolgou-se com a herança cultural de ordem puramente cerimonial.

O rompimento com a Igreja Católica, no século 16, fez que o aderisse ao protestantismo, que foi eleito a religião oficial do Estado. O protestantismo também era chamado de a Igreja Luterana. No ano 2000, no entanto, a fusão da Igreja com o Estado se desfez. Mesmo assim, 80% da população continua sendo parte integrante da Igreja Luterana. Os demais são adeptos de igrejas protestantes "livres" - Igreja Católica Romana e Igreja Ortodoxa Oriental - e de religiões históricas.

Segundo os suecos estudiosos dos fenômenos religiosos no país, há um renascimento religioso ocorrendo entre os imigrantes e uma participação mais voltada ao cerimonialismo do que à genuína espiritualidade entre os nacionais. A maioria dos suecos está buscando contato com a Igreja, sobretudo no plano cerimonial: batismos, casamentos, funerais, etc. Oremos, pois, por um genuíno avivamento na Suécia.


A origem do Prêmio Nobel


O Sueco Alfred Nobel (1833-1896), empresário, inventor e engenheiro, foi a grande figura humana que deixou como legado ao mundo o famoso e reconhecido Prêmio Nobel, que é conferido às pessoas que tenham contribuído com realizações de maior importância à humanidade nas áreas de economia, física, química, literatura e medicina. E, também, por esforços significantes em prol da Paz Mundial.

Alfred Nobel nasceu em Estocolmo, em 1833. Mudou-se com a família para a Rússia quando tinha nove anos de idade. Seu pai foi inventor e se tornou um próspero empresário. Dotado de uma mente criativa, Nobel, após voltar para a Suécia, em 1860, passou a fazer experimentos, até que em 1866 descobriu um explosivo que poderia ser manipulado sem grandes perigos. E ele próprio deu nome ao seu invento: dinamite.

Com o capital angariado pelo invento, Alfred Nobel continuou suas pesquisas e experimentos laboratoriais. Ao morrer na Itália, em 10 de dezembro de 1896, Nobel possuía 355 diferentes patentes. Apesar de viver em uma época estigmatizada pelo nacionalismo e pelo patriotismo, foi um homem progressista e tinha uma visão ampla e otimista da ciência.

Não havendo casado, depois da sua morte, a expectativa da família girou em torno da partilha de sua herança. Qual não foi a surpresa de todos quando descobriram que Alfred havia doado toda a sua herança para uma Fundação que, mais tarde, levaria seu nome. Coube à Fundação apenas obedecer ao desejo de Alfred, a saber, que seus interesses e posses fossem repartidos entre as pessoas que "houvessem prestado à humanidade os maiores serviços" nas áreas já mencionadas.

A primeira entrega do Prêmio Nobel ocorreu em 10 de dezembro de 1901, ou seja, cinco anos após sua morte, e foi conferida ao físico Wilhelm Conrad Rontgen, pela descoberta do raio X. A última congratulação foi concedida ao economista Mohammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 2006.


Geografia sueca


A despeito de sua extensão territorial e pouca população, a Suécia possui amplos avanços tecnológicos e boas qualidades de infra-estruturas. Geograficamente, é caracterizada pelos seus vastos bosques, inúmeros lagos e extenso litoral. É um dos países mais distantes da linha equatorial da terra. Sua superfície é análoga à da Califórnia, Tailândia e Espanha.


Clima


Devido à sua posição geográfica, o clima é agradável não só na Suécia, mas nos países escandinavos também. Essa posição está delimitada no ponto limítrofe entre as massas de ar boreal, sua proximidade com o Oceano Atlântico, na região Oeste, e o mormaço quente proveniente do Golfo. Nas regiões polares, observa-se também uma duração prolongada da luz durante o dia no verão, ocorrendo o inverso no período do inverno. Na região Sudoeste, o calor do Atlântico e as baixas pressões produzem um tempo variado, com muitas horas de chuva, ainda que o céu esteja carregado de luzes solares. Devido a esses fatores, a diferença climática entre noite e dia, verão e inverno, não são tão marcadas, particularmente na zona ocidental do país. Logicamente, há outras variações climáticas, mas, no cômputo geral, o clima é agradável.


População


Etnicamente, os suecos são homogêneos. Por causa das fronteiras, há muitos finlandeses e lapões (ou sami - da Lapônia) no país. Por não ter um idioma oficial, embora a língua materna usada na comunicação seja o sueco, há regiões onde os idiomas sami, finlandês, idichi, romani e meankieli são oficiais. O inglês é estudado e falado pela maioria da população como segunda língua.

Desde a Segunda Guerra Mundial, a composição étnica e religiosa da população tem sofrido mudanças e, na atualidade, 12%, aproximadamente, dos residentes na Suécia nasceram em outros países. Os imigrantes, a grande maioria, são provenientes dos países nórdicos vizinhos e partes da Europa. Dados de 2004 apontam a Finlândia no topo da listagem, com 186.600 pessoas nascidas no estrangeiro, seguida pela Oceania, com 3.500. Embora seja bem-ordenada no aspecto de imigração, a Suécia é conhecida por acolher refugiados e perseguidos políticos de vários países. O bem-estar da população pode ser compreendido se analisarmos seus aspectos econômicos, culturais e políticos.


Economia sueca


Por volta do século 18, a Suécia passou por um rápido desenvolvimento cultural e estreitou seus laços de amizade com a França. Apesar de seu comércio estar em expansão, as guerras de Napoleão afetaram seriamente esse segmento e desencadearam uma forte crise econômica na metade do século 19. Na segunda metade do século 19, a Suécia podia, ainda, ser considerada um país pobre (mesmo com o surgimento da estrada de ferro e da indústria de serraria), quando 90%da população sobrevivia da agricultura. O resultado foi o êxodo de milhões de suecos, principalmente para a América do Norte.

Contudo, na década de 1890, a indústria começou a crescer, desenvolvendo-se num ritmo acelerado entre 1900 e 1930. Por conta disso, a Suécia se tornou um dos principais países industrializados da Europa após a Segunda Guerra Mundial. É onde existem mais empresas multinacionais por habitante. Podemos listar algumas: Volvo, Saab, Ericsson, Electrolux, ABB, Astra Zeneca, Pharmacia, Atlas Copco e SKF.


Política sueca


O Parlamento sueco (Riksdag) conta com 349 deputados e, embora a Suécia seja uma democracia representativa, o poder legislativo está sob sua responsabilidade. O Riksdag é o representante do povo. As eleições são realizadas a cada quatro anos. Em 2006, os quatro partidos da aliança: Centro, Moderados, Liberais e Democrata Cristão, deram fim ao período de doze anos de governo social democrata. O primeiro-ministro, Fredrik Reinfeldt, é o líder do Partido Moderado, e tanto ele quanto os ministros do gabinete formam o governo sueco, responsáveis por executar as leis parlamentares, apresentar projetos de novas leis ou emendas de leis. O chefe de Estado prossegue sendo o rei, em virtude da chamada Lei de Sucessão, mas não exerce nenhum poder político e muito menos participa da vida política. De 1973 até hoje, o chefe de Estado é o rei Carlos XVI Gustavo.

Desde 1980, vigora na Suécia a sucessão cognatícia, ou seja, o sucessor ao trono é o filho primogênito, independente do sexo. No caso atual, o herdeiro ao trono do rei Carlos XVI Gustavo é uma mulher: Victoria Ingrid Alice Désirée, duquesa de Västergötland. Em linhas gerais, a sociedade sueca continua com seu sistema democrático-parlamentar, ampliando essa ideologia à política nacional, às escolas, aos centros de trabalhos e a outros segmentos da sociedade.


Cultura sueca


A cultura sueca é muito variada, diversificada e interessante. Seu patrimônio cultural abrange pintura, arquitetura, ópera, poesia, gastronomia contemporânea, musica, artes, etc.

Analisando a literatura moderna, pode-se dizer que teve origem no século 18, com o filósofo Emanuel Swendeborg. Uma de suas características relevantes, na primeira metade do século 20, foi a forte construção de uma corrente literária que ficou conhecida como Prosa Proletária. Os escritores dessa escola são similares em um detalhe: são autodidatas pobres, filhos de camponeses e trabalhadores que usaram o realismo poético para retratar a própria educação, documentando a ascensão e a transição da Suécia agrária e atemporal para uma sociedade moderna industrializada. Carl Michael Bellman é reverenciado como poeta nacional.

Na área musical, a Suécia pode ser considerada o terceiro país em exportação de música, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Desde 1960, há vários conservatórios (de música) municipais onde as crianças de todas as classes sociais têm a chance de estudar desde a mais tenra idade.

No cinema, os suecos também se destacaram. Por volta da década de 1950 e 60, suas produções cinematográficas causaram um certo frisson na sociedade, pelo pioneirismo do seminu e de certa liberalidade sexual. Nomes como o de Ingmar Bergman, Vilgot Sjöman e Arne Mattsson são respeitados na área cinematográfica.


Festas nacionais


A maioria das celebrações festivas dos suecos é derivada de tradições antigas, próprias da sociedade agrária, portanto, estão sempre relacionadas com a natureza e suas variações durante o ano.

A Noite de Valburga é uma festividade que ocorre em 30 de abril, ocasião em que enormes fogueiras são acesas, simbolizando o fim do inverno e o início do verão.

O solstício de verão ou São João é comemorado em 24 de junho, e celebra a fertilidade da natureza. A comemoração é alegre e ocorre em meio a cantos, bailes e muita comida.

A Festa do Caranguejo é realizada em agosto, quando uma grande quantidade desse crustáceo é degustada com a população envolta em cânticos sob pouca luz.

Em 13 de dezembro, é celebrado o Dia de Santa Lúcia. Esta festa tem um vínculo muito forte com as condições desfavoráveis de vida da sociedade agrária nórdica: escuridão e luz, frio e calor. Crianças e mulheres participam das procissões, vestidas de túnicas brancas e coroas de ramos e velas na cabeça.

O Natal também é celebrado em dezembro, quando famílias e amigos se reúnem para a ceia, da mesma forma como ocorre aqui no Brasil. Contudo, as trocas de presentes são efetuadas somente em 6 de janeiro, que, para eles, é o dia dos reis magos.


O secularismo sueco


O pensamento do povo sueco é extremamente aberto e livre. São tolerantes a muitos segmentos e ideologias e manifestam isso sem constrangimento. Com tamanha abertura, obviamente, não estariam livres de movimentos feministas e de uma tendência para o livre comportamento sexual. Aliás, neste assunto, nas manifestações públicas sobre opiniões quanto ao modelo de matrimônio tradicional, o casamento vem sofrendo desprestígio acentuado.

Uma pesquisa recente mostrou que 55,4% dos bebês suecos nasceram sem a preocupação dos relacionados em contrair matrimônio. Os efeitos desse e de outros tipos de comportamento social liberal - ainda que muitas deles sejam positivos e lícitos - trazem conseqüências nada saudáveis para a fé cristã. Sobram como saldo final as ondas crescentes do secularismo e do materialismo.

Em setembro de 2004, o pastor evangélico Ake Green foi sentenciado a um mês de prisão porque em sua pregação, com base em 1Coríntios 6.9, usou termos como "anormalidades" e "tumor canceroso social" ao comentar sobre a prática homossexual.

Apesar de essa corrente de pensamento secularista ser uma realidade no mundo atual, não devemos cessar de orar pelas diversas igrejas evangélicas na Suécia, suplicando a Deus para que conceda coragem e sabedoria aos líderes para pregarem o genuíno evangelho de Jesus Cristo, que é o poder de Deus para a salvação da humanidade.

Como disse Paulo, "porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Rm 1.16).


Dados gerais


Nome oficial: Konungariket Sverige (Reino da Suécia)

Capital: Estocolmo

Idioma: sueco, finlandês e laponês

População: 9,1 milhões

Moeda: coroa sueca (SEK) (1R$ = 3 coroas e 31 ore)

Superfície: 450.000 km²

Sistema político: monarquia constitucional, democracia parlamentar

Festa Nacional: 6 de junho (Dia da Bandeira)


Religião


Luterana: 88%

Católica Romana: 0,6%

Igreja Ortodoxa: 0,4%

Muçulmanos: 0,3%

Pentecostais: 1,1%

Judeus: 0,06%.

Outros: 9,6%


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Qd. 807, Lt. 29

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04562-030 Brooklin Novo

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Tel: +55 11 5506 9994

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Site: www.suecia.org.br


Bibliografia

Enciclopédia Barsa.

Dicionário Eletrônico Houaiss.

www.wikipedia.org.br

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