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    São Tomé e Príncipe - Um paraíso perdido

  • Missões - São Tomé e Príncipe

Por Fernando Augusto Bento

Arquipélago situado no golfo da Guiné, na costa oeste da África, São Tomé e Príncipe é o segundo menor país do continente (atrás apenas de Seicheles). Seu território, montanhoso, é coberto de florestas tropicais e apresenta vários vulcões inativos. É um esplêndido paraíso, com praias belíssimas. Os habitantes das ilhas vivem do turismo e da indústria têxtil. No texto que segue, um pouco da cultura e das necessidades dos são-tomenses.

Por sua vegetação e natureza exuberante e exótica, São Tomé e Príncipe é um apreciável destino turístico, com oportunidades únicas no Atlântico. As ilhas oferecem várias atrações àqueles que por elas passam. O turismo, cada vez mais reconhecido, tem-se tornado uma alternativa promissora para o desenvolvimento socioeconômico do país. Várias iniciativas locais estão em marcha. Operadores turísticos e parceiros de desenvolvimento estão criando atividades ligadas a esse setor, o turismo, nas áreas rurais. Já existem vários projetos em andamento com o objetivo de tirar proveito das condições naturais e das infra-estruturas das antigas roças, consideradas "patrimônio de valor histórico".

Para que o turismo no arquipélago seja mais e mais difundido, as autoridades são-tomenses estão investindo forte no redimensionamento do aeroporto internacional na capital do país, São Tomé, na dinamização das companhias áreas e na reabilitação das estruturas econômicas e sociais.

A construção de estâncias turísticas e de mais hotéis permitirá ao país alargar e melhorar as condições de acolhimento. Algumas melhorias foram introduzidas nos acessos internos e a construção de novas estradas faz parte desse progresso. O saneamento básico e o combate à malária são outros desafios que visam estimular os operadores e atrair os turistas.


As línguas dos são-tomenses


A nação é bilíngüe. Os são-tomenses falam tanto o português quanto o forro. A coexistência dessas duas línguas faz parte do conceito de unidade lingüística do país. Outros dialetos, com menor expressão, também são falados nas ilhas, mas correspondem a grupos étnico-culturais diferenciados. O português é o idioma oficial, em seguida vem o forro, praticado por 85% da população, aproximadamente. É a língua nacional mais difundida, abrangendo toda a sociedade são-tomense.

O português, por sua vez, é o veículo de ligação externa, pois é portador do saber universal, dos avanços da ciência e da tecnologia, dos novos valores da cultura e da arte mundiais, da comunicação, da transmissão de novos conhecimentos e da formação, enfim, de tudo quanto faz falta ao espírito para a sua elevação. Por outro lado, o forro é o fiel depositário, custódio e condutor seguro da sensibilidade e da vida interior do homem são-tomense. Em toda a sua dimensão, é a própria alma do país.

Há um outro idioma, o crioulo, considerado a terceira formação lingüística da nação, usado regularmente pelos cabo-verdianos e seus descendentes, cujo número é elevado em todos os pontos das duas ilhas.

Dentre os dialetos, o monco (ou lung`lê), falado em Príncipe por 25% dos residentes (o que correspondente 3% da população das ilhas), e o lungua n`golá, usado pelos angolares e pelos tongas, povos ligados à comunidade de contratados angolanos.

Analisando o uso das línguas pela classe etária, conclui-se que os mais jovens, em sua totalidade, falam o português, em detrimento dos idiomas nacionais ou dialetos. Analisando por distritos, verifica-se que o forro está difundido por todas as ilhas, com destaque para Água Grande e Mé-Zochi. Os distritos com porcentagens mais elevadas de uso de outras línguas são aqueles em que existem mais emigrantes, em particular os cabo-verdianos. Um exemplo disso é a ilha de Príncipe.


Danças e ritmos


Assim como as demais coisas, a música, a dança e o teatro também estão umbilicalmente ligados em todo o continente africano. As manifestações culturais das ilhas são quase sempre uma espécie de performance global que esbate fronteira entre gêneros e estabelece pontes entre as diversas expressões artísticas.

Por outro lado, cada espetáculo é também, em maior ou menor medida, o resultado de uma síntese cultural, o produto de um diálogo secular entre a Europa e a África. É essa, aliás, a maior originalidade da cultura são-tomense, ser uma ponte entre duas sensibilidades estéticas, dois modos aparentemente diversos de criação artística.

Congo. Dança teatral (ou uma pantomina dançada) realizada ao ar livre por ocasião das festas religiosas e populares. Cada grupo de danço congo é constituído por uma seção musical (três ou quatro tambores, flautas e canzás) e um número variável de figurantes, todos eles dançarinos hábeis: o capitão congo, o lôgôzu, o anju môlê (anjo que morreu), o anju cantá (anjo cantador), o opé pó (figura que executa diversas acrobacias sobre duas andas), o feiticeiro, o zuguzugu (ajudante de feiticeiro), três ou quatro bobos, o djabu (diabo) e dez a dezoito soldados dançarinos.

A dança foi proibida na época colonial porque as autoridades alegavam que o seu ritmo frenético extenuava os dançarinos, diminuindo o seu rendimento no trabalho.

Ússua. Dança de salão de grande elegância e finura (uma espécie de mazurca africana) em que os pares são conduzidos por um mestre-de-cerimônias ao ritmo lento do tambor, do pito doxi (flauta) e da corneta. Todos os dançarinos envergam trajes tradicionais: as mulheres saia e quimono, xale ou pano de manta; os homens trazem chapéus de palhinha e usam no braço uma toalha bordada, que serve para limpar o suor do rosto.

Dexa. Dança típica da ilha de Príncipe. Ao ritmo de um tambor e de uma corneta, diversos pares executam elegantes danças de roda. As letras são quase sempre humorísticas, ou mesmo de escárnio, e implicam uma réplica da parte do visado. A dexa é dançada durante horas inteiras, apenas com ligeiras modificações na sua toada musical.

Puíta e d'jambi. Provavelmente com raízes angolanas, é uma dança fortemente erótica, em que o tambor avança, de forma frenética, obsessiva, sensual, por alta noite. Homens e mulheres formam filas indianas e, misturando alguns semi-rodopios, fazem entrechocar os corpos de forma sexualmente explícita. Quando um parente deixa este mundo, é de praxe executar, em dias de nozado, uma puíta em sua homenagem. A falta de cumprimento a este ritual pode ocasionar desventuras na família. Mas a puíta é tocada em muitas outras ocasiões, sendo uma das formas de música mais populares em São Tomé. Parecido com a puíta, mas encomendado com outros objetivos, o d'jambi é um ritual com poderes curativos, semelhantes à macumba brasileira.

Os curandeiros, ao dançarem, entram em transe, submetendo, então, o doente a práticas rituais em que são invocadas figuras sobrenaturais e estabelecidos contatos com espíritos de indivíduos falecidos. São também freqüentes fenômenos de insensibilidade ao cansaço e à dor (dançar uma noite inteira, caminhar sobre brasas, ferindo o próprio corpo etc). As autoridades coloniais e religiosas tentaram sempre proibir os d'jambis, devido às suas óbvias conotações com a feitiçaria e os rituais animistas do continente africano.

Bligá (ou jogo do cacete). É um misto de dança e jogo lúdico, em que a destreza e o vigor físico aliam-se a uma sofisticada corporalidade e gestualidade que fazem, por vezes, lembrar certas artes marciais orientais. O nome da dança, que significa brigar, foi certamente, tal como a capoeira no Brasil, um modo de os escravos exercitarem uma arte de autodefesa sem que as autoridades disso se apercebessem. Os gestos são, na maioria das vezes, mimados (transformando, assim, a ação em representação), em vez de executados explicitamente.

Socopé. Grupos com musicais, estandarte e fardamentos próprios, organizados segundo uma rigorosa estrutura hierárquica que vai do presidente aos sócios. As músicas têm um ritmo bastante lento, quase em tom de lamento, e os textos servem, na maioria das vezes, para expor os principais problemas da comunidade ou fazer crítica social ou de costumes.

Bulauê. Mais melodioso que a maior parte das outras músicas são-tomenses (apesar de assentar, sobretudo na repercussão). Parece ter surgido logo a seguir à independência, como resultado da evolução do socopé para ritmos mais dançantes e alegres. Há vários grupos de bulauê, sendo este estilo, junto com a puíta, um dos mais populares nas zonas rurais.


Os desafios do evangelho


O desafio de pregar o evangelho em São Tomé e Príncipe se torna delicado em alguns aspectos, pois as ilhas estão longe dos grandes centros e, conseqüentemente, de seus vários canais de comunicação, o que dificulta ao país o acesso de informações periódicas. No âmbito religioso, os habitantes das ilhas são cristãos nominalistas (católicos romanos que não freqüentam periodicamente as igrejas). Mas lá encontramos uma estatística bem conhecida e freqüente entre os países africanos: a prática do misticismo e do baixo espiritismo. E isso se incorporou também na cultura são-tomense, o que tem sido um grande desafio para os poucos missionários que lá estão.

Os setores mais carentes do evangelho se localizam na zona rural do país, onde a população é desfavorecida, principalmente na lha de Príncipe. Os habitantes possuem grande conteúdo de cultura e educação, pois tiveram de se informar a respeito dos turistas europeus que visitam as ilhas anualmente. No entanto, esses dados benéficos sobre o índice de desenvolvimento humano muitas vezes não colaboram para que os são-tomenses aceitem a Jesus Cristo como Salvador, pois a diversidade religiosa de crenças nativas continua sendo o principal desafio para os poucos missionários que lá se encontram. Atualmente, existe um pouco mais de três missionários brasileiros trabalhando em hospitais e em organizações para levar o cristianismo autêntico para esse povo isolado do mundo.

Os desafios foram muitos para que a Verdade pudesse ter sido oferecida aos são-tomenses após a independência do país, em 1975. Anos mais tarde, porém, a instalação de um governo democrático trouxe liberdade religiosa a esse povo. Hoje, os missionários têm encontrado êxito ao divulgar o evangelho nessa região e muitos são-tomenses estão-se achegando a Cristo.

O paraíso perdido, como o país é conhecido pelo restante do mundo, tem-se demonstrado amigo do cristianismo e não são poucos os são-tomenses estão se decidindo em aceitar o verdadeiro caminho. O clima de paz que habita as ilhas tornou-se benéfico para a conversão de seus habitantes.


Dados importantes


Localizada no golfo da Guiné, na costa oeste da África, a República Democrática de São Tomé e Príncipe possui uma superfície de 942 km2. O arquipélago é constituído por várias ilhotas desabitadas e duas ilhas principais: São Tomé (859 km2) e Príncipe (142 km2). Os ilhéus adjacentes são: Gago Coutinho (ou Rolas), Cabral, Pedras Tinhosas e Boné do Jókei.

São Tomé e Príncipe fazem parte de uma cordilheira vulcânica que se estende desde os Camarões, na direção Sudoeste, até as ilhas guineenses de Bioko e Pagalu.

O clima é equatorial, quente e úmido, com temperaturas médias anuais que variam entre 22ºC e 30ºC. A variabilidade climática é uma das características do país, com a multiplicidade dos microclimas, definidos principalmente pelas chuvas e pela temperatura altamente dependente da localização.

Capital do país: São Tomé. Nacionalidade: são-tomense. População: 137 mil (1997). Composição: africanos 95%, eurafricanos 4%, portugueses e outros 1% (1996). Idioma oficial: português (oficial), mais línguas regionais.


Curiosidades e informações básicas


1. Salário mínimo - 40 mil dobras (moeda local), que equivalem a 10 dólares. Dá para comprar uma lata de leite em pó.

2. Comida - A maioria da população só se alimenta uma vez por dia. Principais pratos: kalulu (cozido de folhas com peixe defumado), cachupa (milho, feijão e peixe), zaquente (fruta grande que se tira a semente e cozinha-se) e banana verde cozida com peixe (alimentação básica da maioria da população);

3. Bebida - Vinho da palma (palmeira);

4. Casamento - O rapaz faz o pedido ao pai ou à mãe da moça e, se concedido, o casal vai morar juntos.

5. Recepção de casamento - Cada um dos convidados leva um prato de comida, se tiver condição, e um copo de água;

6. Ensino - Em todo o país só existe uma escola de 2º grau e três escolas primárias. Não há ensino superior.

7. Igrejas evangélicas - Dezenove, em todo o país, sendo que duas delas encontram-se na ilha de Príncipe.

8. Saúde - A malária e a febre tifóide são muito comuns.

9. Lanchonete - Em toda a nação existem apenas dois lugares para lanchar, e são muito caros.

10. População - Crianças e adolescentes: 50%. Há um grande índice de mortalidade infantil.

11. Outros credos - Igreja Nova Apostólica, Testemunhas de Jeová, Adventista do 7º Dia, além da feitiçaria e do islamismo.


Motivos de oração


1. Pelos missionários que atuam nos hospitais, para que alcancem muitas vidas com a mensagem do evangelho.

2. Pelos novos convertidos, para que se firmem na fé em Jesus Cristo e ganhem outras pessoas para o Reino de Deus.

3. Para que, pela prática da ação social, o evangelho de Cristo seja conhecido e aceito.

4. Para que outros irmãos brasileiros se apresentem para o trabalho missionário nesse país.

5. Pela saúde física, emocional e espiritual dos missionários que se dedicam a esse povo.


A religião em São Tomé e Príncipe


 Católicos romanos 75,3%

 Evangélicos 10,5%

 Outras denominações 9,9%

 Outras religiões 3,3%

 Sem religião 1%

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