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    Timor Leste - O nascimento de uma nação livre

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Por Fernando Augusto Bento

O Timor Leste é uma pequena ilha no sudoeste asiático. Sua população, de 750 mil habitantes, se divide em 18.899 km2. Os timorenses têm uma história de quase 500 anos. Como nós, brasileiros, também foram colonizados pelos portugueses. Entretanto, alguns anos mais tarde foram abandonados, fato que fez que a ilha ficasse à mercê dos ingleses e dos indonésios. O país então se tornou em uma " terra de ninguém", pois os dois exploradores passaram a manipular a pequena sociedade ali existente.

A mancha de sangue deixada pelo governo da Indonésia aniquilou a cultura, os costumes e a educação dos timorenses. Milhares de crianças ficaram órfãs. Mas a esperança desse povo renasceu há dois anos, quando a Indonésia deixou a direção do país. Com isso, muitos missionários foram enviados para lá a fim de ajudar na reconstrução do Timor Leste.

Oremos, desde agora, para que esse país encontre paz e alcance uma nova vida.

1515. Ano em que as primeiras caravelas chegaram no Timor Leste. A princípio, Portugal se interessou pelo comércio de sândalo, valiosa essência vegetal, mas abandonou a ilha, uma vez que, para os portugueses, era mais vantajoso colonizar o Brasil, no Atlântico.

Na Segunda Guerra Mundial, Timor Leste foi a base para a frustrada invasão dos japoneses que tentaram dominar a Austrália. Em meio ao fogo cruzado, 40 mil timorenses perderam a vida.

Entre os vários conflitos ao longo das últimas décadas vividos pelo Timor Leste, o ataque, em 7 de dezembro de 1975, das tropas da Indonésia, sob a ditadura do general Suharto, promoveu o massacre sangrento dessa pequena ilha. Em poucos dias, milhares de pessoas morreram.

Ás vésperas do início da ocupação, o secretário dos EUA, Henry Kissinger, havia mantido uma audiência com Suharto, em Jacarta, capital da Indonésia.O ditador era peça fundamental da estratégia geopolítica dos EUA para área de contenção na bacia do Pacífico, especialmente após a vergonhosa derrota na Indochina. Em abril de 1975, os Kmer vermelhos chegavam ao poder no Camboja. Em 30 de abril, a queda de Saigon, no Vietnã, mandava os soldados norte-americanos de volta para casa. Em primeiro de dezembro, o movimento comunista Pathet Lao destitui a monarquia e forma a República Democrática Popular do Laos.

Protegido por Washinton, Suharto impôs violenta ditadura em seu país, estabelecendo um governo totalmente corrupto cujos principais cargos eram exercidos por membros de sua família. A ocupação do Timor Leste fazia parte da estratégia expansionista de Suharto que, anos antes, já havia anexado Irian Jaya, lado ocidental da ilha da Nova Guiné. Suharto manteve-se no poder durante duas décadas, graças ao terror e à violência praticados por ele.

Nessa época, havia práticas de torturas brutais nas prisões e perseguição de qualquer pessoa suspeita de auxiliar a guerrilha ou mesmo de manter postura crítica em relação aos ocupantes. A mobilização do aparato repressivo tinha a ideologia e a tentativa sistemática de destruir as tradições culturais locais para tentar promover uma aculturação dos costumes javaneses da elite indonésia.

Com o tempo, a causa timorense ganhou espaço na opinião pública, apesar da grosseira participação da ONU (Organização das Nações Unidas) nesse episódio. A resistência timorense no exterior, concentrada em Darwin (Austrália) e Portugal, buscou o apoio internacional enquanto uma pequena e heróica guerrilha acontecia na selva, como pedra no sapato do governo indonésio. O Nobel da Paz de 1996 foi dividido entre os timorenses, o político José Ramos Horta e o bispo humanitário Carlos Ximenes Belo. A crise dos tigres asiáticos, em 1997, enfraqueceu a economia da Indonésia com mais de 210 milhões de bocas. Então, o governo resolveu sentar e conversar. Os encontros foram dirigidos pela ONU e também por Portugal a fim de prepararem o terreno.

A libertação do famoso preso político, Xanana Gusmão, há muito tempo pedida, aconteceu em 1999.

As pressões e as constantes crises política, financeira e social que se alastraram pela Indonésia acabaram derrubando o cruel ditador Suharto em 1998, após 32 anos de regime absolutista. Isso proporcionou uma nova fase no Timor Leste, quando foi instalado um plebiscito que oferecia autonomia nas áreas política, educacional e econômica. A intenção era o desenvolvimento do Timor Leste. Se a população rejeitasse essa alternativa, Jacarta concederia a independência.

As tropas da ONU desembarcaram no dia 21 de setembro de 1999 para tentar conter os ataques da milícia pró-Indonésia, armada pelo exército, logo depois do resultado. Durante dias o Timor Leste ficou coberto por uma nuvem negra de fumaça proveniente da guerrilha. Em fevereiro de 2001, surgem a Força de Defesa do Timor Leste (formada por 650 combatentes do antigo braço militar da Fretilin) e as Forças Armadas de Libertação do Timor Leste (Falintil). Em 30 de agosto de 2002, o ex-guerrilheiro, Xanana Gusmão, foi eleito presidente do Timor Leste e, desde então, está tentando promover a reconstrução do país.


Costumes e culturas


Uma rica cultura permeia as montanhas, vales e praias da ilha. Para se ter uma noção, são mais de 20 dialetos diferentes falado no Timor Leste. Os pescadores do litoral têm casas de madeiras suspensas por troncos. Em Lospalos, a miscigenação remonta a vários séculos: dos malaios originais, passando pela colonização portuguesa até o norte, dos americanos e dos australianos.

Cada povo dominante tentou impor seu costume e cultura aos habitantes da ilha. A Indonésia, por exemplo, obrigou a substituição da cultura local por valores contrários exportados de Jacarta como parte de seu plano de invasão. Por isso, muitos falam o tetum, poucos o bahasa indonésio (cerca de 30%, principalmente os jovens) e alguns o português (menos de 20% da população). Sem contar o inglês que se fixou, devido às tropas da ONU.

As danças, a música e as roupas típicas, panos coloridos enrolados no corpo, são uma atração à parte entre os timorenses, além dos tradicionais barcos de pesca.

Os timorenses adoram jogar bola, e são fãs do futebol brasileiro. Ao cair da tarde, na capital Dili, próxima ao porto, sempre rola uma "peladinha", e não faltam jogadores franceses, argentinos e brasileiros entre os timorenses. Os jogos rolam até que haja luz para enxergar a bola.

Durante a Copa do Mundo, os timorenses ficam ligados na seleção do Brasil. No final de cada jogo do time brasileiro, a alegria está sempre presente nas ruas de Dili.


Educação e dificuldades sociais


As constantes tragédias sociais e ditatoriais causaram muitos males ao país. A perspectiva de vida da população gira em torno de 49 a 50 anos. Os dados estatísticos são tão alarmantes que a taxa de mortalidade é de 121%, isso ocorre porque a infra-estrutura é precária e muitos recém-nascidos não conseguem chegar à idade adulta.

A educação é outro fator preocupante no Timor Leste, 40% da população é analfabeta, não possui nenhuma instrução de base para poder exercer uma vida profissional. Graças a atitudes de organizações brasileiras e a ajuda da ONU, o ensino dos timorenses tem melhorado sobremaneira, mas ainda falta muita coisa para ser resolvida, pois as guerras contra a ditadura assolam a ilha. Falta saneamento básico no Timor Leste, ocasionando muitas doenças.

O novo presidente eleito, Xanana Gusmão, tornou-se uma das esperanças para melhorar a vida do povo timorense. Sua tarefa, no entanto, será árdua, pois terá de reconstruir o país, pedra por pedra. Os timorenses não possuem plantações e o PIB (Produto Interno Bruto) é o mais baixo de todo o mundo, independe das ajudas externas.

O Brasil tem ajudado o Timor Leste enviando médicos, engenheiros, professores, arquitetos e enfermeiros, profissionais que têm ajudado a solidificar a língua portuguesa nesse país. E é justamente disso que os timorenses precisam agora: de ajuda prática, e não apenas de palavras de carinho e afeto.

Há muitas riquezas no Timor Leste. É dono de uma das vinte maiores reservas de petróleo do mundo. Mas, ao que parece, a Petrobrás não vem mostrando interesse nessa reserva, ao contrário das outras empresas petrolíferas mundiais.Um acordo com o Timor seria muito interessante para nós. Temos de encarar que a pequena ilha no sudoeste asiático é um país irmão e tem fortes laços conosco, por isso devemos ajudá-lo.


Agências missionárias ajudam a reconstruir o país


Os conflitos aniquilaram a fé dos timorenses. As dificuldades para os missionários são grandes. Mas, graças às igrejas brasileiras, o envio de missionários tem alcançado resultados efetivos. As principais agências de evangelismo do sudoeste asiático, a JOCUM australiana e a JOCUM internacional, têm mobilizado muitos obreiros. Em sua maioria, esses missionários possuem dupla qualificação. Alguns são preparados profissionalmente e isso tem ajudado na reconstrução do Timor Leste.

Desde que acabou a ditadura, passando pelo governo de transição, os refugiados do Timor estão voltando para as cidades de origem.

Faz algum tempo que a Jocum vem desenvolvendo um projeto habitacional. Esse plano se desenvolve com a ajuda das igrejas australiana e brasileira, mantenedoras do fundo habitacional da Jocum internacional. Ao longo das lutas as residências, hospitais e sedes de entidades do terceiro setor foram destruídas. O projeto é dirigido por engenheiros da Austrália que são participantes da agência missionária.

O país conta ainda com professores estrangeiros que lecionam português e inglês. Esses profissionais são patrocinados por entidades cristãs e a ONU. Como possui vinte dialetos, o Timor Leste perdeu a tradição de ter uma língua oficial.

De acordo com as agências missionárias, há grandes quantidades de órfãos no Timor, o que torna necessário a organização de orfanatos para educar e desenvolver a intelectualidade dessas crianças. O trabalho na área de saúde é intenso por lá.

O evangelismo e o discipulado são um trabalho árduo para os missionários que atuam carinhosamente na ilha. Os obreiros do Senhor podem ser vistos em todos os lugares, evangelizando e discipulando os timorenses. Praças, igrejas, ruas, escolas, vilas e demais locais têm sido utilizados pelos pastores e evangelistas para ensinar o povo.


O projeto australiano e seu objetivo


Existe um projeto de mobilização evangelística sendo desenvolvido na Austrália. As equipes internacionais desse projeto são formadas por igrejas e grupos missionários da JOCUM australiana e JOCUM internacional, espalhados por toda a Ásia e sul do Pacífico. O objetivo é levar a luz da Palavra de Deus às nações não-alcançadas dessa região. Dezenas de missionários, vindos da Austrália, passam anualmente pelo Timor Leste levando o evangelho de Cristo a esse povo sofrido e necessitado.

Os continentes da Ásia e da África formam o conjunto dos povos mais necessitados do evangelho. As nações fechadas para o cristianismo são verdadeiros desafios à obra missionária mundial. Hoje, devido à sua localização, a Austrália tem sido um lugar estratégico para treinamento e envio de missionários.

É tempo de sair, de buscar os perdidos da Terra.

É tempo de invadir as nações para tornar Jesus conhecido entre os povos.


Cartas dos timorenses alcançados pelo evangelho


"Muito obrigado a vocês que vieram de tão longe para nos falar da vida e da liberdade que há em Jesus. Hoje sei que Ele, e somente Ele, é digno de ser adorado. Continuem abençoando esse povo com a Palavra de Deus e a salvação em seu Filho. Muito obrigado por serem meus amigos. Não me esquecerei de vocês e espero vê-los novamente aqui ou lá no céu".

Leandro de Jesus, 23 anos, um dos alunos de português.

"Os indonésios vieram, queimaram nossas casas, mataram nossa gente e nos destruíram quase tudo. Agora estamos começando do nada. Somente o amor de um Deus vivo e verdadeiro para tirarem vocês de uma nação grande como o Brasil e trazê-los até aqui para ajudar o nosso povo a se levantar. Quero esse Deus, pois o Timor precisa dele. O futuro dependerá de como começamos agora. Obrigado por virem nos ajudar. Obrigado por se importarem conosco. Obrigado por nos falarem de Jesus, Deus único".

Júlio, 55 anos, morador de Santa Cruz.

"Que Deus continue abençoando vocês. Hoje Ele fez algo espantoso em nossas vidas por intermédio de vocês que nos ensinaram as verdades da vida e do conhecimento de Jesus. Nos batizamos, pois queremos viver com Jesus para sempre. É maravilhoso ver a paixão de vocês em fazer o nome de Jesus conhecido na Terra".

Sheila e Javier, ex-muçulmanos, funcionários das Nações Unidas em Timor Leste.


Do total da população:


81,5% católicos

3,6% protestantes

12,2% animistas (crenças antigas)

2,1% muçulmanos

0,3% hindus

0,3% budistas


Motivos de oração:


1. Para que a reconstrução do Timor aconteça.

2. Para que as agências missionárias possam exercer o trabalho evangelístico sem constrangimentos.

3. Para que as crianças órfãs do Timor encontrem um lar.

4. Em favor dos missionários Paulo Brito, sua esposa, Gisele, e sua filha, Karina, atuantes nesse país.

5. Para que o novo presidente, Xanana Gusmão, possa administrar bem as reformas junto aos timorenses.

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