Querer mudar e apoiar mudanças implica em querer mudar antes que os outros mudem. Infelizmente, nem sempre isto acontece. Não são poucas as pessoas envolvidas, principalmente no mundo religioso, e que ocupam lugar de destaque, como os líderes, por exemplo, que cobram mudanças o tempo todo de seus liderados, porém, eles próprios não estão dispostos a mudar um centímetro sequer.
Este fato já foi comprovado quando nosso Mestre referiu-se aos fariseus dizendo-lhes que colocavam fardos pesados sobre os ombros dos adeptos de sua religião que nem com o dedo queriam movê-lo. Ou seja, diziam e não faziam absolutamente nada: "Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los" (Mt 23.1-4).
A busca pelo desenvolvimento das pessoas que lideramos requer esforço contínuo dos líderes, a fim de que ocorram as mudanças desejadas. Mas esforço sempre provoca desgaste. Eis o motivo de os líderes nem sempre estarem dispostos a pagar o preço pela mudança pretendida.
Jesus Cristo mudou o mundo, e mudou para melhor, é claro, isto nem mesmo os céticos podem negar, mas teve de fazer um esforço muito grande para que houvesse a mudança pretendida, alteração jamais realizada por homem algum em nossa história.
Também, é interessante notar que nem sempre temos todo o tempo disponível para realizar alguma mudança. No caso de Jesus, em um período de tempo de apenas três anos Ele provocou mudanças positivas que, em mais de vinte séculos, não se dissiparam e não tem previsão de término para concluir as alterações provocadas em todos os povos da face da terra.
Mudar com todo o tempo necessário em nosso favor não representa mérito algum, uma vez que tudo na natureza passa por um processo de mudança automático. Algo interessante: as espécies que não se adaptaram às mudanças desapareceram. Fato simples de ser confirmado. Quando olhamos para a história, percebemos, nitidamente, que sempre alguma coisa está mudando. Logo, o mérito da mudança é inversamente proporcional ao tempo. Isto significa que precisamos atuar com toda dedicação possível naquilo que queremos mudar. Como exemplo, podemos conferir o crescimento do público evangélico em nosso país: em aproximadamente um século atingimos 22,2% da população brasileira. Agora, surge a seguinte pergunta: Quanto de esforço teremos de fazer para que possamos atingir toda a população brasileira com o menor tempo possível? Concluímos, então, e isso novamente, que o mérito da mudança está em realizarmos uma grande obra no menor tempo possível, e só conseguiremos isto se todos trabalharmos diuturnamente com toda a disposição para que aconteça a mudança pretendida.
Mas mudar o quê? Esta pode ser outra indagação. O mínimo que se espera de um líder religioso seria que ele, pelo menos, acompanhasse as mudanças que vêm ocorrendo no ambiente em seu redor e tivesse condições de separar as mudanças benéficas das maléficas e adaptar-se a elas. É claro que este trabalho de adaptação traz desgastes, mas não temos alternativas, ou mudamos ou desaparecemos, detalhe importante a ser observado é a famosa frase de Platão: "Tente mover o mundo e o primeiro passo será mover a si mesmo".
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