Nunca se falou tanto que a religião desapareceria do mundo como nos dois séculos passados. Filósofos, sociólogos, intelectuais, estudantes.... Enfim, muitos apostaram na "morte de Deus" e das religiões. Mas, o que vemos hoje, em pleno século 21, é a religião em alta. E, embora constatemos um enorme índice de ceticismo e/ou indiferentismo, quando se trata de fé, multidões aderem às mais diferentes correntes religiosas, algumas até mesmo suicidas.
Para nós, cristãos, além de isso ser considerado uma grande vitória contra o ateísmo, é uma grande oportunidade de comunicarmos, para quase todos os habitantes da terra, a nossa "religião". Em relação ao Brasil, podemos dizer que o nosso país desfruta, de forma especial, da liberdade religiosa em todos os sentidos.
A nação brasileira encontra-se nos primeiros lugares no ranking mundial de países cristãos. Houve-se falar de cristianismo em todos os cantos do nosso território. E, nestes últimos anos, a mídia televisiva vem contribuindo, sobremaneira, com a divulgação do evangelho. É interessante notar que a nossa "religião" cresce sem deixar de respeitar o espaço de outros grupos; o cristianismo tem-se elevado em meio à pluralidade religiosa do nosso país.
Dentro deste panorama positivo, surge a necessidade de termos obreiros aprovados, irrepreensíveis e capazes de manejar bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15). Mas, para se alcançar esse nível de cooperadores, a Igreja do Senhor deve contar com as entidades auxiliares para ajudá-la na descoberta dos talentos entre seus membros, conforme nos orienta Efésios 4.11, que diz: "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores".
E onde, normalmente, esses dons se revelam e/ou se desenvolvem? Nas escolas teológicas. Infelizmente, alguns líderes evangélicos não vêem com bons olhos essas instituições, mas foram nelas que "nasceram" os maiores defensores da nossa fé em toda a história do cristianismo. Assim, torna-se imprescindível valorizar esses centros de aprendizagem e saber teológico.
Quanto a esse assunto, sobre a importância das instituições teológicas, entendemos que elas, na parte que lhes cabe, devem trabalhar arduamente para a formação desse contingente de obreiros, tornando-os mais qualificados possíveis. O que ocorre, porém, é que, anos após anos, turmas e mais turmas de alunos estão sendo formadas em muitas instituições sem um critério definido.
Daí, a importância de formularmos algumas perguntas básicas:
Formamos alunos em teologia para quê?
Simplesmente para que saibam mais sobre Deus?
Mas, por que se deve aprender mais sobre Deus?
O que se deve esperar das pessoas que conhecem as verdades eternas?
Não pode ser verdade que essas escolas estejam interessadas simplesmente nas mensalidades. Ou estão? Nem que seus alunos, egoisticamente, queiram saber mais sobre Deus apenas para sua satisfação intelectual. Ou é assim? Deus nos guarde de sermos mercadores da sua Palavra ou de nos comportarmos com atitude tão mesquinha de querer saber mais sobre Deus sem a intenção de compartilhá-lo com os perdidos.
Foi assim que agiram Herodes, Anás, Caifás e Pilatos. Inquisitorialmente, eles quiseram saber mais de Jesus sobre sua natureza e ministério, mas sem nenhum interesse em conversão e piedade (cf. Lc 23.8,11; 22.66-71; Mt 27.2,13,17,22,26).
Com essas questões definitivamente solucionadas, teríamos, com certeza, uma escola produzindo obreiros no modelo apresentado pelo apóstolo ao jovem pastor Timóteo: "Procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a espada da verdade" (2Tm 2.15).
Entendemos que, como ferramentas auxiliares da Igreja de Cristo, as escolas e os seminários teológicos devem se preocupar, além da qualidade de ensino centrado na eterna Palavra de Deus, em fornecer orientações aos alunos segundo a vocação que cada um deles recebeu do Senhor, procurando, sob a direção do Espírito Santo, formar líderes dentro de ministérios-chave, ou seja, conforme o texto de Efésios 4.11.
E quem mais ganharia com esse modelo?
A própria Igreja de Cristo!
1 Referência à doutrina idealizada pelo filósofo alemão Nietzsche, filho e neto de pastores luteranos (1844-1900), que condenava ao limbo o Deus cristão da moral e da fé.
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